Venezuela x Colômbia
(Londres, brpress) - Chávez e Uribe são os dois presidentes que estão há mais tempo no poder no continente e os que mais têm se chocado; crise final dá “boas vindas” ao novo presidente colombiano. Por Isaac Bigio.
Isaac Bigio*/Especial para brpress
(Londres, brpress) – Estes dois países, que deveriam estar irmanados na celebração do bicentenário da independência, em 20 de julho de 1810, quando compartilhavam a mesma capital, Bogotá, agora estão em pé de guerra: a dois dias das comemorações, a Venezuela rompeu relações com a Colômbia.
Faltando pouco para que o presidente colombiano Uribe seja substituído por seu protegido Santos, produziu-se a pior crise que esta nação já teve com sua vizinha oriental. Uribe encerra seu mandato abrindo a primeira ruptura de relações com a Venezuela, mas a segunda em seus 8 anos de mandato.
Fator Farc
A anterior se deu com o Equador, imediatamente após o 1o. de março de 2008, quando as forças armadas colombianas ingressaram em território equatoriano para aniquilar todos os membros de um acampamento das Farc.
O que ocasionou as duas rupturas de relações durante a administração de Uribe foi a questão das guerrilhas colombianas e as denúncias por parte de Bogotá de que Quito e Caracas acobertavam destacamentos das Farc. No primeiro caso, a crise deu-se como resposta a uma incursão militar e, no segundo, como uma forma que Chávez encontrou para tentar negar tal possibilidade.
Na reta final de seu mandato, Uribe denunciou que a Venezuela abrigava aproximadamente 1.500 guerrilheiros colombianos em seu território e pediu uma comissão para constatar esse fato, in loco. Os EUA, que há quatro anos vêm afirmando que Caracas não colabora com a luta anti-Farc, o apoiaram.
Chávez respondeu pedindo que fossem inspecionadas as bases norte-americanas na Colômbia, e que isto não passava de uma “provocação”.
Terceira Via
Apesar do movimento de tropas nas fronteiras dos dois países, o mais provável, como no caso do desentendimento entre Bogotá e Quito, é que se encontre uma saída negociada. Santos, apesar de ser o arquiteto da política anti-subversiva do atual presidente, vem manifestando o desejo de afastar-se de Uribe em alguns sentidos.
Declara-se partidário da Terceira Via do trabalhismo inglês, que teve em Tony Blair a manifestação prática da teoria do sociólogo Anthony Giddens, e seu vice é um ex-sindicalista que proclamou como uma de suas prioridades melhorar as relações com Quito e Caracas.
Longevos atritos
Nas Américas, Chávez e Uribe são os dois presidentes que estão há mais tempo no poder e os que mais têm se chocado. A crise final a que ambos chegaram é a maneira pela qual os dois escolheram dar as “boas vindas” ao novo presidente colombiano.
Uribe quer obrigar seu-ex ministro de defesa a insistir com Caracas para que esta adote uma atitude mais dura com as Farc e o ELN. Chávez quer pressioná-lo para que, de agora em diante, se busque uma negociação onde o eixo seja tratar de ultrapassar a tensão e obter concessões.
(*) Analista de política internacional, Isaac Bigio lecionou na London School of Economics e assina coluna no jornal peruano Diario Correo. Fale com ele pelo e-mail [email protected] Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. ou pelo Blog do Leitor. Tradução: Angélica Resende/brpress.