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A morte de Kadafi

(Londres, brpress) - Outros tiranos continuam vivos, são amigos da Otan e estão entre financiadores/mentores do novo governo líbio, que se diz democrático. Por Isaac Bigio.

Isaac Bigio*/Especial para brpress

(Londres, brpress) – O novo governo líbio informou que Kadafi foi capturado e que morreu em seguida. Em três oportunidades anteriores, outros anúncios como este sobre a captura de seus filhos foram desmentidos, mas desta vez o primeiro-ministro britânico David Cameron se antecipou nas congratulações.

Não sabemos o que há por trás desta notícia, que pode ser posta em dúvida por outras fontes. Tampouco sabemos se o ex-ditador líbio teria sido morto em combate ou após ter-se rendido. Cameron, o chefe de governo daquela que se diz “a mais antiga democracia do mundo”, saudou essa morte, dando a entender que o mesmo deveria ser o destino de qualquer outro tirano.

Amigos e inimigos

Supõe-se que as razões pelas quais os EUA, França e Reino Unido uniram-se no ataque a Kadafi tenham sido para proteger os civis que ele, supostamente, ameaçava. Ainda que a realidade mostre que centenas de milhares de civis foram mais afetados pelos bombardeios da Otan e de seus aliados do que pelos partidários de Kadafi.

Existem tiranos piores que Kadafi, muitos dos quais são déspotas na Ásia central e no Golfo da Guiné, que manejam seus respectivos Estados como propriedade privada e que eliminam toda dissidência, mas que são amigos do Ocidente e de suas companhias petrolíferas, que se enriquecem com esses regimes à custa de uma enorme desigualdade social interna.

Possivelmente, os regimes mais totalitários são os das seis monarquias absolutistas do Golfo Pérsico, onde a poligamia e o clericalismo são a norma; os partidos, igrejas e sindicatos podem ser proibidos, e as mulheres e a maioria trabalhadora de sua população pode carecer de direitos fundamentais e de cidadania.

No entanto, todos eles são muito amigos do Ocidente, são os construtores das novas super-obras de Londres e estão entre os principais financiadores e mentores do novo governo líbio, que se diz democrático, mas que restabeleceu o uso da bandeira e do hino da monarquia autocrática deposta pela revolução republicana de 1969.

Demonizações e cortejos

Esta demonização de Kadafi, por sua vez, contradiz a série de cortejos que até o início deste ano era objeto de Sarkozy, Berlusconi e Blair, para os quais Kadafi era um modelo porque mantinham negócios bilionários com eles, era o único regime nacionalista que havia autodestruído seu arsenal de armas de destruição massiva e era um de seus maiores aliados no mundo árabe contra a Al Qaeda.

Após a captura de Sirte, a cidade natal de Kadafi, o novo governo assegurou o controle do litoral líbio. Ainda que este fato e a possível morte de Kadafi sejam um incentivo para os rebeldes, não se descarta a possibilidade de que a coalizão enfrente contradições e lutas internas, e que se desenvolva uma resistência como aconteceu no Iraque e no Afeganistão, e que, diferentemente destes países, desta vez tenha um mártir como símbolo.

(*) Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics. É um dos analistas políticos latino-americanos mais publicados do mundo. Tradução: AngélicaCampos/brpress. Fale com ele pelo e-mail [email protected] , pelo Twitter @brpress e/ou no Facebook.

Isaac Bigio

Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics . Tradução de Angélica Campos/brpress.

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