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Kadafi homogeneizou etnicamente seu paísKadafi homogeneizou etnicamente seu país

Líbia: um novo Líbano?

(Londres, brpress) - Caso conflito líbio se intensifique, há risco de que enorme território se converta em um novo Líbano, corroído por facções armadas e tropas estrangeiras. Por Isaac Bigio.

Isaac Bigio*/Especial para brpress

(Londres, brpress) – Líbia e Líbano têm sido dois pólos contrapostos no Oriente Médio. Enquanto a Líbia foi a única das três grandes repúblicas árabes que teve certa estabilidade e “paz” interna (e apenas dois governantes em sua história como Estado independente: o rei Idris, de 1951 a 1969 e Kadafi, de 1969 até hoje), o Líbano, a república árabe menor de todas, sofreu, desde 1975, sangrentas guerras civis e ocupações  constantes de seus vizinhos.

Hoje, entretanto, as regras  parecem ter mudado. O Líbano conseguiu acabar com a intervenção de Israel (ainda que não da Síria) e estabilizar razoavelmente uma democracia multipartidária e multiétnica. Em troca, a Líbia – que vinha sendo uma das nações africanas mais homogêneas do ponto de vista regional, religioso, étnico e lingüístico – vem sendo sacudida pela primeira guerra civil que eclode no mundo islâmico nesta década.

Mais ainda, se o conflito líbio se intensificar, há o risco de que este enorme território se converta em um novo Líbano, corroído por facções armadas e tropas estrangeiras.

Suíça árabe X guerra civil

Enquanto o Líbano foi a Suíça árabe, muito culta e cheia de bancos e negócios, a Líbia nasceu como um empobrecido reino de nômades, semi-feudal e semi-desértico. Beirute foi a pujante capital da república libanesa, que era a mais europeizada do mundo árabe em relação à religião, língua, cultura, sociedade e política. Já a Líbia teve com Kadafi a ditadura petro-nacionalista mais anti-ocidental da região.

Se o Líbano é o pais árabe mais multiétnico  (tem quatro grandes comunidades: cristãos, xiitas, sunitas e drusos), Kadafi homogeneizou etnicamente seu país, expulsando os italianos e arabizando os berberes. A guerra civil libanesa se deu ligada ao conflito israelense-palestino (esse pais recebeu muitos refugiados palestinos e também sofreu represálias israelitas) e em torno do choque entre credos.

A guerra civil líbia deve ter um  papel importante nas lutas entre tribos e regiões, mas nesta a briga entre comunidades e religiões não tem um peso essencial, como o têm as facções políticas: há os que querem que a Líbia seja uma democracia como o Líbano e  aqueles que querem que esta seja um novo Afeganistão, como um primeiro passo rumo à constituição de um Estado governado pelos talibãs.
 
(*) Analista de política internacional, Isaac Bigio vive em Londres, onde lecionou na London School of Economics, e também assina coluna no jornal peruano Diario Correo. Fale com ele pelo e-mail [email protected] ou pelo Blog do Leitor. Tradução: Angélica Campos/brpress.

Isaac Bigio

Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics . Tradução de Angélica Campos/brpress.

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