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Manto da Apresentação, de Bispo do Rosário. Foto: V&AManto da Apresentação, de Bispo do Rosário. Foto: V&A

Arte de Bispo do Rosário: coisa de ‘louco’

V&A e Bienal de SP têm mostras do artista cuja esquizofrenia não impediu produção de obras intrigantes. Por Juliana Resende

(Londres/São Paulo, brpress) – Duas metrópoles – Londres, no Victoria & Albert Museum, e São Paulo, na 30a. Bienal de Arte – oferecem mostras de um dos mais intrigantes artistas brasileirtos: Arthur Bispo do Rosário (1909-1989). Diagnosticado como esquizofrênico-paranóico, ele viveu quase toda sua vida num hospício, onde enfrentou os mais obscuros dos “tratamentos”, como choques, violência e até lobotomia.

Na Bienal, aberta neste 7 de setembro, há um espaço privilegiado para obras de Bispo, esse homem que viveu em seu próprio mundo dominado por anjos e demônios e produziu compulsivamente peças que representam coisas – ou melhor, o estado das coisas. São “instalações”, objetos, assemblages, na maioria produzidas com tecido, madeira e papelão, mimetizando a realidade com palavras bordadas.    

impulso criador

“Eu preciso destas palavras”, bordou ele num dos impressionantes estandartes, justificando sua obsessão pela nomenclatura e catalogação das obras – que Bispo chama simplesmente de “miniaturas”. Mas, olhando bem, elas vão além da aparência ingênua, compondo um universo em ordenação que transcende a linha tênue entre a loucura e a sanidade, onde o impulso criador de tudo se apropria.

Bispo não se achava artista, nem tinha a intenção de sê-lo, mas sua produção encantadora e asssutadora ao mesmo tempo ganharam esse status quando ele ainda era vivo, o mais ilustre paciente da colônia Juliano Moreira, no Rio, onde foi internado como indigente.

Para inglês ver

As obras de Bispo, embora pouco conhecidas no Brasil, ganharam o mundo: ele, que chegou a representar o Brasil na prestigiosa Bienal de Veneza, tem agora sua primeira individual no Reino Unido, no Victoria & Albert Museum, com 80 obras.

“É uma honra estar aqui”, diz o curador Wilson Lázaro, diretor do Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea, criado dentro da colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro.  

“É mais um selo de qualidade e excelência que a obra de Bispo recebe”, disse à brpress, na manhã seguinte à abertura da mostra. Aberta em 13/08, a exposição homônima faz um paralelo entre esportes e a arte de Bispo, aproveitando as Olimpíadas e Paralimpíadas, como parte do festival London 2012, que reúne eventos culturais por todo o Reino Unido antes, durante e depois dos Jogos.

Descoberta

Bispo e sua arte foram descobertos acidentalmente, em 1982, quando o cineasta  Hugo Denizart estava fazendo um documentário sobre as condições do Juliano Moreira, sob encomenda do Ministério da Saúde. Quando conheceu o artista, e deslumbrando com sua obra, Denizart decidiu fazer um filme só sobre o Bispo, O Prisioneiro da Passagem.

(Juliana Resende,brpress)

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Atualizado em 05/10/2024.

Juliana Resende

Jornalista, CCO da brpress, autora do livro Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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