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Nina Pandolfo: segunda individual em Londres e livro novo no prelo. Foto: DivulgaçãoNina Pandolfo: segunda individual em Londres e livro novo no prelo. Foto: Divulgação

Meninas superpoderosas de Nina Pandolfo

(Londres, brpress) - Artista oriunda da cena do grafite de SP fala da exposição Beyond Meninas, quadros retratando garotas de olhos grandes, na galeria Lazarides, que representa Banksy. Por Juliana Resende.

(Londres, brpress) – Quem vê as pinturas de meninas de Nina Pandolfo, artista paulista nascida em 1977 – oriunda da cena de grafites de São Paulo, que revelou nomes como Os Gêmeos e Nunca – não imagina que sua carreira internacional tenha decolado numa velocidade vertiginosa. Nesta sexta (09/09), Nina abre sua quarta exposição em Londres, sendo a segunda individual na capital britânica: Beyond Meninas. 

Suas meninas com ar meigo e olhos grandes ocuparão por um mês a galeria  Lazarides, sediada num terrace georgiano de quatro andares em Fitzrovia, enclave chique no centro de Londres. Nina estará sendo acolhida no mesmo espaço e no mesmo projeto reservado a obras de larga escala – Still Here: A Decade of Lazarides –,  que recebeu recentemente, para marcar o décimo aniversário da galeria, em 2016, artistas como Banksy, Jonathan Yeo, JR e Miaz Brothers. 

Nada mal para a jovem artista que em 1999 realizou sua primeira exposição, Um Minuto de Silêncio, numa coletiva na Funarte, em São Paulo. Sua estreia internacional aconteceu em 2002, quando participou da mostra I Don’t Know, na galeria Die Farberie, em Munique, na Alemanha. Nada que intimide a brasileira. A Lazarides trabalha com artistas que se recusam a ser categorizados. E Nina Pandolfo é um deles. “Não gosto de títulos. Artista, somente artista, é o suficiente para mim”, diz ela. A não categorização é o diferencial da Lazarides, que se tornou uma grife em arte contemporânea, dirigida por Steve Lazarides e representando 40 artistas de diversos países do mundo. 

Essencialmente artista de rua, Nina vai se inspirando por cada país em que passa. À galeria Coburn Projects, de Nova York, levou a exposição Little Things for Life. Foi a terceira vez de Nina na Big Apple, onde deixou uma obra ao ar livre, num mural em frente à galeria. Em Londres, Nina também assina um mural na Old Truman Brewery, uma antiga cervejaria no leste da cidade. 

Este mês,  ela lançou o livro Por trás das Cores (Master Book), que reúne textos e fotos de seu trabalho. Na publicação estão não só as suas inconfundíveis obras do período de 2011 a 2016, mas, também e especialmente, detalhes de seu processo criativo e universo particular. A seguir, Nina Pandolfo fala de sua arte e da condição feminina – ambos temas umbilicalmente ligados e retratados nas Meninas –, em entrevista exclusiva à brpress.

Suas mulheres têm um ar frágil e delicado – onde está a força de suas personagens?
Nina Pandolfo – Quem conhece a flor de orquídea pensa que é uma flor frágil, delicada, mas na verdade é uma flor forte, ela não precisa de muitos cuidados. Assim eu vejo a mulher. Temos uma força sobrenatural interna. Uma força que muitas vezes desconhecemos. Creio que pelo fato de sermos sensíveis, chorarmos mais, amarmos mais, nos tornamos mais fortes.

Como se sente sendo acolhida por uma galeria que tem Banksy entre seus artistas?
NP – Bom, me sinto muito bem acolhida por pessoas que estão preocupadas em fazer com que meu trabalho flua da melhor maneira. Eles se preocupam em fazer com que eu fique feliz com o resultado da exposição, acima de tudo. Claro que é otimo estar junto com grandes artistas como Banksy.

Como vê o grafite e a arte urbana hoje em São Paulo?
NP – Em São Paulo, o graffiti cresceu muito desde quando comecei, no inicio dos anos 90. Cada vez mais vejo novos artistas nas ruas, mas talvez isto esteja acontecendo em todos os lugares.

Quando cria, você tem uma preocupação de que seu trabalho se comunique com audiências internacionais?
NP – Sim, mas o que eu acho mais legal é que sempre que volto de algum país, nos trabalhos seguintes vejo influências daquele país. Mesmo inconscientemente, acabo tendo influências deles. E creio que, com todas as influências, acabo também conseguindo me comunicar com o público internacional.

Você diz esperar que o público capture “um turbilhão de sentimentos” quando vê uma de suas pinturas – as meninas pintadas com tinta especial que “absorve a luz e mantém as telas iluminadas no escuro”, segundo reportagem do jornal Valor Econômico. Que sentimentos são estes?
NP – Uma mulher nunca fica em um sentimento único. Um artista (pelo menos eu) nunca fica num único sentimento também. Conseguimos sentir e captar diversos sentimentos ao nosso redor. Sentimentos são difíceis de serem explicados – temos que sentir. Por mais que eu tente colocar em palavras todos os sentimentos que tive enquanto eu pintava, não conseguirei explicar tão bem quanto quando olharem para as obras. 

Suas meninas passam muita segurança para quem as vê. Elas têm uma certeza de sua sensualidade, ainda que etérea…

NP – Uma pessoa quando está “segura de si” transmite uma variedade de sentimentos como amor próprio, confiança, desejo de conhecer o mundo, amor ao próximo, felicidade, sensibilidade… Assim são minhas personagens, especificamente para esta exposição. São mulheres “seguras de si”, mulheres apaixonadas, mulheres tímidas, mulheres que param para ouvir mas sonham acordadas, mulheres que existem para trazer mais amor aos outros, mulheres que nos motivam… São tantos tipos de mulheres… E todas elas têm mais de um sentimento, mais de uma emoção.

Você começou a pintar bem jovem e diz ter escolhido a arte urbana pois não tinha acesso ao universo formal da arte. Nesse sentido, podemos dizer que seu fazer artístico contribui para a democratização e desburocratização da arte?

NP – Bem, eu pintava telas antes de pintar a rua, eu vi a rua como um meio de levar meu trabalho a todos, então sim, pode-se até dizer que meu trabalho contribui para a democratização e desburocratização da arte em certo ponto. No Brasil, tento desmistificar a ideia de que a visitação em galeria de arte é somente para os estudiosos de arte ou pessoas de uma determinada classe social.

Você vai pintar algum mural em Londres? Alguma atividade extra-exposição?
NP – Sim. Acabei de finalizar um mural na Old Truman Brewery. Um pouco de flor já que Londres esta entrando numa estação climática em que elas já não serão mais tão frequentes.

Quais artistas mulheres você admira no Brasil e no Reino Unido? Por que?
NP – Gosto muito do trabalho da Su Blackwell , suas pequenas esculturas feitas em livros me levam a um mundo diferente, cheio de letras que se transformam em pessoas, casas… Todo um universo que, muitas vezes, não tem mais do que duas cores: a do papel e da tinta das letras. É incrível. No Brasil, admiro o trabalho da Tarsila do Amaral, que fez parte do movimento modernista. Seus personagens com formas irregulares, suas cores e a época em que ela viveu me encantam muito.

Qual é o tema mais urgente ligado à mulher que você aborda ou pretende abordar na sua arte?
NP – Existem temas bem políticos ligados à mulher que precisam ser abordados. Mas mais urgente que em meu trabalho, estes temas precisam ser abordados por governos e pelas pessoas em geral.

Alguma exposição ou atividade programada no Brasil nos próximos meses?
NP – No Brasil estarei lançando meu segundo livro, pois o primeiro já está esgotado faz muito tempo; o lançamento será dia 08 ou 09 de novembro. Os outros projetos ainda estão sem data definida.

(Juliana Resende/brpress)

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Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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