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Artista brasileira Lucia Koch com a Sheikha Hoor Al-QasimiArtista brasileira Lucia Koch com a Sheikha Hoor Al-Qasimi

Sheikha banca arte crítica em Sharjah

(São Paulo, brpress) - "Somos um povo com longa relação com a cultura e também bastante cosmopolita", diz Hoor Al-Qasimi, anunciando bienal em 2013, em um dos Emirados. Por Juliana Resende.

(São Paulo, brpress) – Ao ler seu nome, a gente acha que ela é uma daquelas mulheres árabes reservadas e cheias de cerimônia. Além de rica, podre de rica. Afinal, ela é uma Sheikha dos Emirados Árabes Unidos. Mas basta conhecer Hoor Al-Qasimi, presidente da Fundação de Arte Sharjah (SAF) e considerada a mulher mais influente no ramo arístico do Oriente Médio, para que toda essa imagem pomposa caia por terra.
 
    A  Sheikha é uma jovem de 33 anos, culta e muito simpática – além de filha do xeque sultão Mohamed Al Qasimi, governante de Sharjah. Mais: a moça tem sólida formação em arte, adquirida na Royal Academy of Arts e no Royal College of Arts, as melhores escolas de Londres, onde mora em parte do tempo, dividido entre Sharjah, Berlim – onde participa do comitê cultural da bienal 2012 – e Nova York, onde faz parte do Conselho do MoMa PS1. Ela esteve em São Paulo na última quarta (05/09), no Instituto Tomie Ohtake, para anunciar a 11° Bienal de Sharjah, que acontece de 13/03 a 13/05 de 2013, naquela cidade.
 
    Com a presença da curadora Yuko Hasegawa, residente do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio (MOT) – já conhecida de artistas brasileiros por conta de outras bienais –, o encontro com a Sheikha foi informal e didático, considerando que Sharjah carece de introduções: afinal, pouca gente conhece a capital de um dos sete Emirados, o único a ter costas tanto no Golfo Pérsico como no Golfo de Omã. “Tentamos trabalhar com culturas de ambos os lados”, explica Hoor, ressaltando a vocação cultural do lugar, com muita tradição no comércio por causa do porto.

Polo de cultura

    “Somos um povo com longa relação com a cultura e também bastante cosmopolita” –  só 15% da população de cerca de oito milhões são nativos de Sharjah. “Sempre realizamos programas educativos, festivais e outros tipos de eventos que proporcionem intercâmbio cultural”, diz a Sheikha. Mas por trás de um lugar com aparência rude e pobre, há uma ambição maior: preparar terreno para que os Emirados sejam o maior centro de arte do mundo árabe no século 21. A capital Abu Dhabi vai abrigar filiais dos museus Louvre e Guggenheim até 2017. É investimento pesado.  

    Já tradicional na região, a Bienal de Sharjah vai apostar em intervenções artísticas em espaços públicos. A curadora Yuko Hasegawa se inspirou na metáfora da arquitetura dos pátios islâmicos, onde elementos do público e do privado coexistiam, e, em particular, nos históricos pátios do Sharjah e nas trocas e encontros que ele proporcionava. “Com a globalização, o conceito desses pátios é mais importante do que nunca. Arquitetos indianos, libaneses, belgas, japoneses e espanhóis vão criar uma nova estrutura urbana que conecte a área histórica e essa tipologia de pátios com a cidade grande”, diz Hasegawa.
 
Censura e missão

    A vinda de Hoor e da curadora ao Brasil serviu para convidar artistas para a Bienal de Sharjah, como a brasileira Lucia Koch, e anunciar outros artistas selecionados, como Saadane Afif, Yang Fudong, Studio Mumbai, Kazuyo Sejima e Wael Shawky, pouco conhecidos nos trópicos. O caso mais conhecido da Bienal de Sharjah foi do artista censurado  Mustapha Benfodil cujo trabalho, por abordar questões sexuais e religiosas em local público, teria ofendido a população,  e acabou sendo removido.
 
    Segundo Hoor Al Qasimi, esse e outros problemas não desencorajam a missão da Fundação de Arte Shajah: refletir a longa história do Sharjah como um lugar onde comunidades diferentes são encorajadas a trocar ideias e contribuir com uma paisagem multi-cultural que é característica dos Emirados. Hoor comenta, ainda, que Hasegawa propôs uma Bienal profundamente questionadora para 2013, que abordará alguns pontos críticos da produção de arte neste momento de grande mudança cultural.
 
    É ver pra crer.

(Juliana Resende/brpress)

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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