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Copa com direitos humanos

(Londres, brpress) - Manifesto lançado na Anistia Internacional “não é contra o Mundial – é a favor dos brasileiros”. Por Geraldo Cantarino.

(Londres, brpress) –  No calor da Copa, um manifesto em defesa dos direitos humanos no Brasil foi lançado ontem na sede da Anistia Internacional, em Londres. Organizado pela Braziliarty – empresa social de promoção da cultura e arte brasileiras no exterior – o evento contou com exposição de fotografias, exibição de filmes e debate.

    “Esse evento não é contra a Copa, é a favor do direitos humanos. É a favor do Brasil”, ressalta Alicia Bastos, organizadora do manifesto. Entre as principais acusações de violação dos direitos humanos no país, ela destacou a violência policial, abuso de poder e casos de tortura – tanto aqueles ocorridos durante o regime militar e que não ainda foram reconhecidos pela justiça, como os que estariam sendo praticados pela polícia.

     “Vamos curtir a Copa do Mundo, mas não esquecer os protestos e as reivindicações que são necessários”, acrescenta a socióloga brasileira Elizabeth Silva, professora da Open University  e convidada a participar do debate.  “A intenção é retratar e ilustrar uma situação que está ocorrendo no Brasil para que as pessoas se conscientizem e tenham vontade de agir”, afirmou Alicia.

    Para ela, esse é um momento oportuno porque a Copa do Mundo no Brasil está fazendo muito barulho fora do país. “O evento está dando uma oportunidade para as pessoas usarem a voz, de quebrar o silêncio sobre muita insatisfação que está acontecendo no Brasil, principalmente com a política brasileira, com os problemas de qualidade de vida nas grandes cidades, com o problema de segurança, de transporte, de corrupção.”.

Mudança política

    De acordo com Elizabeth, formada pela Universidade de São Paulo e com doutorado pela Universidade de Londres, a principal mensagem que está saindo dos protestos e manifestações recentes diz respeito à mudança política. “As pessoas realmente querem ser respeitadas, ser ouvidas e ter direitos,”

    Para a socióloga, a sua maior preocupação em relação aos direitos humanos no Brasil é a pobreza e o gritante nível de desigualdade social do país. “Eu acho que a pobreza é q origem do crime,  da insegurança, do medo de se andar na rua, que todo mundo tem. Não é só o cidadão de classe média que tem. O pobre também tem medo de andar na rua.”

    Mediado pelo jornalista Silio Boccanera, correspondente da Globo News em Londres, o debate teve ainda a participação do professor Anthony Pereira, diretor do King’s Brazil Institute, do King’s College London. Pesquisador do período do regime militar brasileiro, Anthony reconhece que houve uma grande melhora desde os dias da ditadura..

     “Existem boas histórias a serem contadas sobre os direitos humanos no país, mas isso não significa que devemos ser complacentes e não nos concentrar nas lutas que ainda continuam,” comentou. Entre tais lutas, Anthony citou o direito à habitação, educação e saúde, e destacou a questão da integridade física como uma das mais iminentes. “As pessoas estão preocupadas com sua segurança e a segurança de suas famílias. Portanto, tentar lidar com isso é uma prioridade bastante urgente.”

Violência policial

    O professor acredita, também, que a reação violenta das forças policias às manifestações de junho do ano passado é, em parte, um legado da ditadura. Segundo Anthony, é necessário considerar a desmilitarização da polícia e transformar a sua mentalidade para lidar com cidadãos e não com inimigos. “A ideia de modificar a polícia para adequá-la à democracia é uma ideia muito poderosa.”

`    Durante o evento foram exibidos dois documentários brasileiros, ambos disponíveis no YouTube. O primeiro foi Flor Brilhante e as Cicatrizes da Pedra, de Jade Rainho. O vídeo relata o impacto das atividades de uma usina de asfalto na vida de índios Guarani-Kaiowá, na reserva de Dourados, no Mato Grosso do Sul.

    O segundo, Domínio Público, de Raoni Vidal, investiga irregularidades e transformações ocorridas no Rio de Janeiro para a realização da Copa do Mundo e Olimpíadas. “Bilhões dos nossos cofres públicos estão sendo investidos no país e não sabemos para onde está indo todo esse dinheiro. Por isso, decidimos fazer esse vídeo por conta própria e vimos que há muita sujeira a ser investigada. O mundo inteiro precisa saber das injustiças cometidas contra o povo brasileiro”, declarou o diretor Raoni.

    A exposição de fotografia, no hall de entrada da sede da Anistia Internacional em Londres, aborda diferentes aspectos dos direitos humanos no Brasil, como violência urbana, questão indígena e precárias condições de moradia. A mostra, que fica em cartaz até 14 de julho, apresenta imagens dos seguintes fotógrafos e artistas: Clarissa Pivetta, Fábio Rodrigues-Pozzebom, Jade Rainho, Jorge Araújo, Léo Lima, Luiz Baltar, Nayana Fernandez, Ney Douglas e Pablo Vergara.

 (Geraldo Cantarino, Especial para brpress)

Links:
Braziliarty
Amnesty International UK
Documentário: Domínio Público (Public Domain), de Raoni Vidal (versão curta para captação de recursos)
Documentário: Domínio Público  (filme completo)
Documentário: Flor Brilhante e as Cicatrizes de Pedra, de Jade Rainho

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