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Correndo atrás do prejuízo

(brpress) - Existem outros iranianos (homens e mulheres) sentenciados a morrer apedrejados e oferta de Lula (caso o governo iraniano aceite) pode salvar a vida de Sakineh, mas não contribuirá em nada para impedir a continuação dessa barbárie no Irã. Por Leda Lu Muniz.

Leda Lu Muniz*/Especial para brpress

(brpress) – Todos os jornais nesta segunda-feira (02/08) estamparam a notícia de oferta de asilo por parte do governo Lula para a iraniana ameaçada de apedrejamento, Sakineh Mohammad Ashtiani (vide Negócios Escusos). Os interesses do Brasil em uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU superaram a importância de seus “negócios” com o governo de Mahmoud Ahmadinejad. 
 
    A sentença polêmica contra a iraniana provocou no cenário internacional, nas últimas semanas, uma onda de petições online contra tal veredicto por parte do tribunal iraniano. O website criado para a petição – freesakineh.org – atraiu mais de 120 mil assinaturas desde a semana passada, entre essas as do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do prefeito de Nova York Michael Bloomberg, do ator Michael Douglas, da prêmio Nobel da Paz e advogada iraniana Shirin Ebadi, do cantor Peter Gabriel, do escritor e novelista britânico Hanif Kureishi, do jornalista, escritor e ativista Bernard-Henri Levy, do escritor britânico Ian McEwan, do jornalista e editor norte-americano David Remnick, entre outros.

    A comunidade internacional ratificou ainda mais sanções ao Irã, depois de tal fato.
A União Européia suspendeu investimentos em gás e petróleo, aumentou a vigilância nos bancos iranianos e adotou restrições a voos de carga. O governo brasileiro, quase que coagido, manifestou-se através de um telefonema pouco convincente, por parte do ministro das relações exteriores ao seu par do Irã para redimir seu silêncio.

Soy Cuba

    Desde as opiniões “espontâneas” do presidente Lula a respeito da greve de fome do dissidente cubano Orlando Zapata, quando visitou Cuba, o mundo está de olho nele em relação a essas questões. Ao se aliar ao governo iraniano, o Brasil se colocou na berlinda em nível mundial.

    Toda a construção (pensada e articulada) por parte do governo Lula de uma imagem democrática, defensora dos direitos civis e humanos, começou a cair por terra perante a opinião mundial, após algumas atitudes contraditórias em relação a essas questões (deportação dos pugilistas cubanos; a greve de fome de Orlando Zapata; o asilo ao assassino italiano Cesare Battisti).

Quinto poder

    O cenário internacional atual com a disseminação da informação por meios eletrônicos foge ao controle dos governos (mesmo os que se dizem “democráticos” e efetivamente utilizam a censura à imprensa). A pressão da rede mundial é uma pressão horizontal e muito mais poderosa, atingindo capilarmente até os confins do planeta. 
 
    Tudo se dissemina muito rapidamente e mesmo que um Estado use de proibições para com os veículos oficiais, como o Irã, as câmeras em celulares e a internet mostram a verdade. Não há como escapar.

Pretexto

    Para o governo Ahmadinejad, o governo brasileiro não pode interferir em seus problemas internos. Porém, a repercussão mundial da oferta de asilo por parte de Lula permitiu que a imprensa iraniana (antes proibida de falar sobre o caso) publicasse a situação do julgamento de Sakineh.

    Mas a questão aqui no âmbito dos Direitos Humanos e Civis é mais profunda. Existem outros iranianos (homens e mulheres) sentenciados a morrer da mesma forma.  A oferta de Lula (caso o governo iraniano aceite) pode salvar a vida de Sakineh, mas não contribuirá em nada para impedir a continuação dessa barbárie no Irã.

    O advogado de Sakineh (que já defendeu outros casos de apedrejamento) foi preso e interrogado na semana passada, assim como sua esposa Fereshteh Halimi e o irmão dela Farhad Halimi. 

    Para o ativista e diretor da entidade Direitos Humanos no Irã, Mahmood Amiry-Moghaddam, a oferta de Lula pode ajudar o caso Sakineh, mas não ajudará a erradicar essa barbárie de seu país: “Já tivemos muitas pessoas enforcadas ou apedrejadas até a morte por omissão de líderes internacionais, incluindo Lula, que poderiam ter feito mais pressão junto ao governo iraniano. Por se omitir no passado, apoiando o atual regime, o carisma de Lula ficou um pouco abalado entre setores da sociedade iraniana que vêm lutando por mais liberdade e direitos humanos no país”, afirmou.

    Mas a intenção de Lula não é humanitária, nem de que os tratados internacionais sejam cumpridos por seus signatários. Sua intenção é angariar votos para sua sucessora e manter-se no poder em nível mundial, como um “benfeitor sazonal da humanidade” intervindo, sem princípios nem conduta definida, mas pendendo para o lado em que o vento do poder soprar mais forte.

(*) Leda Lu Muniz é mestre em Sociologia, especialista em Política Internacional, pesquisadora, consultora e analista de Relações Internacionais. Fale com ela pelo email colunistas@brpres

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