Exame clínico é ‘luxo’ no Brasil
(São Paulo, brpress) - Dados chocantes sobre doença que mais mata mulheres no país, por detecção tardia, foram divulgados nesta quarta (29/09), em pesquisa Avon/Ipsis. Por Juliana Resende.
(São Paulo, brpress) – Números e dados chocantes sobre câncer de mama no Brasil – a doença que mais mata mulheres no país, por detecção tardia – foram divulgados nesta quarta-feira (29/09), num evento da campanha Avon Contra o Câncer de Mama. Cerca de um terço das 1000 mulheres de 70 cidades em todo o Brasil ouvidas numa pesquisa inédita sobre o tema, conduzida pelo Instituto Avon/Ipsos, nunca fez exames clínicos e só 40% das entrevistadas acima de 40 anos faz mamografia regularmente.
A pesquisa identifica que o baixo índice de informação aliado à precariedade do atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS) são os grandes vilões dos altos índices de mortalidade provocados pela doença, que tem 95% de chances de cura se detectada em estágio inicial – o que só é possível com a mamografia. Já que 77% das mulheres ouvidas usam o SUS por não possuir plano de saúde, a pesquisa deixa claro que grande faixa da população feminina não passa pelo exame clínico nos consultórios nem tem o pedido de mamografia como procedimento de rotina dos médicos que as atendem.
‘Absurdo’
“O ginecologista precisa fazer o exame clínico – isso é um absurdo!”, ressaltou a mastologista do Instituto Avon, Rita Dardes, sugerindo que até o clínico-geral pode pedir mamografia. Presente no evento, a ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo federal, Nilcéa Freire, não soube responder o por quê da negligência do SUS com uma doença que deve acometer 49.240 e matar 11 mil brasileiras somente em 2010, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Insinuando que o governo já tinha ciência destes dados “há dois ou três anos” – o que o Instituto Avon nega – e incomodada com o questionamento, a ministra repetiu que “os médicos devem fazer exames clínicos criteriosos e completos e que as mulheres devem ter acesso à mamografia no SUS”, frisando a importância da “parceria com a iniciativa privada”.
O objetivo da campanha do Instituto Avon, que já empenhou R$ 26 milhões em projetos visando a saúde e o bem estar da mulher brasileira, proporcionando a realização de 300 mil mamografias em 1,67 milhão de mulheres no país, é informar. “Temos dados contraditórios quando somente 23% se consideram bem informadas sobre a doença”, alerta Rita Dardes. Ela chama atenção para o fato de que 39% das mulheres ouvidas acham que não têm chance de desenvolver câncer de mama, quando “basta ser mulher” para poder ter a doença. A médica diz que há fatores externos e genéticos agravantes mas não preponderantes.
E quanto ao tão falado auto-exame, Dardes é categórica: “Não pode ser o único meio de detecção pois não é capaz de detectar um tumor em estágio inicial – fator fundamental para o sucesso do tratamento e a cura”.
Mais informações sobre a campanha Avon Contra o Câncer de Mama no site: www.avoncontraocancerdemama.com.br .
(Juliana Resende/brpress)