Triunfo da direita
(Londres, brpress) - Direita chilena acaba de lograr três grandes proezas: pela primeira vez, em meio século, venceu uma eleição presidencial; derrotou a Concertação, que governou o país por duas décadas e durante quatro mandatos; e conseguiu que os conservadores depusessem constitucionalmente um governo esquerdista. Por Isaac Bigio.
Isaac Bigio*/Especial para brpress
(Londres, brpress) – Sebastián Piñera, o candidato da oposição bilionário e de direita, venceu no último domingo (17/01), o segundo turno das eleições chilenas com quase 52% dos votos, ainda que no primeiro turno 56% dos chilenos tenham votado nos candidatos que estavam a sua esquerda e que a presidenta socialista Michelle Bachelet continue gozando de alta popularidade (81% de aprovação).
A direita chilena acaba de lograr três grandes proezas: pela primeira vez, em meio século, venceu uma eleição presidencial (desta vez, alcançando a maioria dos votos); derrotou a Concertação – coalizão formada por quatro partidos de esquerda que engloba social-democratas e a democracia cristã –, a mesma que governou o país por duas décadas e durante quatro mandatos; e conseguiu que os conservadores sul-americanos depusessem constitucionalmente um governo que navegava com a onda esquerdista continental a seu favor.
Desafiando a regra
Até agora, apenas os países centro-americanos como o Panamá (governado por um desgastado social-democrata) e Honduras (cujo governo foi deposto por um golpe endossado pelo parlamento e pelo poder judiciário) vêm desafiando uma regra na América Latina do século 21: na qual os conservadores eram incapazes de substituir, via eleições, governos ditos “progressistas” por outros conservadores.
Entre Piñera e o ex-presidente, também candidato, Eduardo Frei não há muitas diferenças, mas sua vitória deve trazer alento aos opositores de Morales, Ortega, Correa, Lula, Kirchner e Chávez. Trata-se da pior derrota recente que sofreu a Internacional Socialista nas Américas, o que pode ser o presságio de sua pior grande derrota na Europa, quando, em maio ou junho, os “tories” (Conservadores) de David Cameron podem vir a substituir os trabalhistas britânicos.
(*) Analista de política internacional, Isaac Bigio lecionou na London School of Economics e assina coluna no jornal peruano Diario Correo. Tradução: Angélica Resende/brpress.