Dia Mundial Sem Tabaco pede atitude
(brpress) - OMS quer adotar tratado internacional no combate ao fumo; no Brasil, estima-se que, a cada ano, 200 mil morram precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo. Por Danielli Marinho.
(brpress) – A Organização Mundial de Saúde decidiu chamar a atenção dos países para a importância de adotar as diretrizes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), no Dia Mundial sem Tabaco, celebrado nesta terça (31/05).
Considerada um marco histórico para a saúde pública global, a convenção – tratado internacional assinado por 192 países – traz, em seu texto, medidas para reduzir a epidemia do tabagismo em proporções mundiais, abordando temas como propaganda, publicidade e patrocínio, advertências, marketing, tabagismo passivo, tratamento de fumantes, comércio ilegal e impostos etc.
No Brasil, estima-se que, a cada ano, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer, 200 mil brasileiros morram precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo.
Largue via internet
Há 18 anos à frente do ambulatório de tratamento do tabagismo do Instituto do Coração (Incor), a cardiologista Jaqueline Scholz Issa, autora do livro Deixar de Fumar Ficou mais Fácil (104 págs., R$ 29,90, MG Editores), desenvolveu um programa pioneiro de tratamento de fumantes que pode reduzir as taxas de desistência e recaídas, além de estimular os médicos a tratar estes pacientes com metodologia adequada.
Com o novo método, a taxa de sucesso – considerada após 52 semanas sem cigarro – chega a 55% em alguns grupos. O programa foi convertido em software, para que possa ser acessado via web por profissionais de todo o país.
Método
O novo modelo de tratamento, denominado PAF – Programa de Assistência ao Fumante, diagnostica com maior precisão o grau de dependência dos fumantes em relação à nicotina e derruba uma das principais premissas que orientam as abordagens atuais: a de que o grau de dependência está relacionado apenas com o número de cigarros consumidos diariamente.
O PAF também derruba outro mito frequente na abordagem ao fumante: o de que deixar de fumar depende principalmente de força de vontade. Hoje, sabe-se que apenas 5% dos que tentam abandonar o vício sozinhos conseguem permanecer sem fumar após um ano, e que o tabagismo requer tratamento médico especializado e acompanhamento intensivo do paciente.
Respeito e objetividade
No livro Deixar de Fumar Ficou Mais Fácil, a médica esclarece que tabagismo é uma doença e que o fumante deve ser encarado sob essa perspectiva para obter sucesso no tratamento. O grande mérito da obra é tratar o assunto com respeito e objetividade.
Baseada em pesquisa e em longa prática, a autora revela tudo que é preciso saber sobre a doença antes de iniciar um tratamento. Segundo ela, abandonar o vício de fumar não é mera falta de força de vontade: a nicotina vicia porque é uma das drogas mais eficazes para combater a ansiedade e a depressão.
A cardiologista também incluiu informações sobre um novo medicamento, a vareniclina, que aumenta em quatro vezes as chances de sucesso no tratamento. Com a substância, associada ao acompanhamento médico, os fumantes poderão superar as duas principais dificuldades para largar o cigarro: a falta de força de vontade e a síndrome de abstinência.
Usando uma linguagem prática e objetiva, ela direciona sua mensagem ao leitor de forma a incentivá-lo, mostrando compreensão ao aplicar uma nova forma de abordagem médica.
Segundo Jaqueline, cobrança e dedo em riste só atrapalham aqueles que querem deixar de fumar. Ela aconselha os fumantes a não se deixar pressionar por argumentos convencionais, que podem fazer com que se sintam culpados e anti-sociais. E também não é necessário sofrer sozinho: “Existe ajuda especializada e o dependente deve procurá-la”, afirma.
Números
– A OMS estima que um terço da população adulta, isto é, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres), sejam fumantes;
– Cerca de dois terços da população fumante do mundo vive em dez países: China (que concentra aproximadamente 30%), Brasil, Estados Unidos, Japão, Rússia, Alemanha, Turquia, Indonésia e Bangladesh;
– De acordo com dados do Ministério da Saúde, o poder público gasta com o tratamento de fumantes duas vezes mais do que arrecada com os impostos do cigarro.
(Danielli Marinho/Especial para brpress)