A arte de enganar trouxas
(brpress) - Podia ser esse o nome de Exit Through the Gift Shop: A Banksy Film, documentário dirigido pelo incógnito grafiteiro e artista gráfico, indicado ao Oscar na categoria. Por Leandro Vignoli.
(brpress) – Podia ser esse o nome de Exit Through the Gift Shop: A Banksy Film, documentário dirigido pelo genial grafiteiro e artista gráfico Banksy, indicado ao Oscar na categoria. Acontece que o primeiro engano da coisa toda é que o filme conta, na verdade, a história de Thierry Guetta.
Atente ao fato de que esse não é um filme sobre Banksy. Caso você decida dar o seu voto de confiança mesmo assim, prepare-se para entrar no mundo da afetação artística, das frases de pseudoefeito, do egocentrismo vazio, enfim, todo o estereótipo criado sobre “artistas”.
Isso tudo porque Thierry (um francês radicado em Los Angeles) é um retardado mental. Toda a concepção do roteiro partiu do princípio do seu fanatismo por street-art, e uma lunática ideia de filmar tudo – e por tudo. Boa parte das imagens do filme só existe porque Thierry já as possuía. Banksy apenas abraçou. Banksy — não se engane — quis apenas capitalizar sua fama.
Arte-guerrilha
Não deixa de ser interessante ver na tela a produção e ações de arte-guerrilha pelas ruas, de caras como o Space Inader e Shepard Fairey. Em algum ponto da produção, até Banksy saca que Thierry era basicamente uma fraude, que nada fazia a não ser filmar imagens sem sentido de tudo. O francês resolve provar o seu valor virando “artista”, e aí a coisa fica tenebrosa.
Como ele de fato não sabe fazer nada, contrata uma dezena de designers para colocar na tela as “suas” ideias, cria virais na internet e monta uma exposição em Los Angeles. Mais de 4 mil pessoas apareceram, o cara factura mais de US$ 1 milhão só no primeiro dia. É aí que entra a condição otária das pessoas, delas comprarem qualquer naba, desde que vendida da maneira certa.
Segundo a crítica, o filme de Banksy é uma sátira ao consumo e a arte mundial. Esqueceram só de avisar Thierry, que parece levar tudo muito a sério, torrando as bolas de quem vê o filme de tão genérico que é seu trabalho. Mas ganhando a grana que ele ganhou, enganando a quantidade de trouxas que enganou, quem se importa.
No geral, como um filme de Banksy, Exit Through the Gift Shop é médio e apenas isso. Como filme de Guetta, é horrível.
(Leandro Vignoli, do MyCool/Especial para brpress)