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A noviça Suzanne SimoninA noviça Suzanne Simonin

A Religiosa denuncia intolerância

(Berlim, brpress) - Flme é polêmico por mostrar assédio sexual no convento, mas também ode às mulheres vítimas das religiões. Por Rui Martins.

(Berlim, brpress)  – O cineasta francês Guillaume Nicloux é objetivo com seu filme A Religiosa (La Religieuse/The Nun, 2012). Ao adaptar a novela de Diderot, fez um obra lírica em louvor da liberdade, dando-lhe uma visão atemporal e universal e não apenas celebrando a resistência da noviça Suzanne Simonin, vivida por Pauline Etienne – uma das favoritas a Melhor Atriz no Festival de  Berlim, onde o filme foi exibido – ao assédio sexual da madre superiora (Isabelle Huppert).

    O filme é polêmico, sim. Mas acima de tudo, mostra que, embora o catolicismo continue demonstrando sua intolerância e obscurantismo – entra Papa e sai Papa –,  é apenas mais  uma religião entre as demais intolerantes. A Religiosa é também um sinal de apoio a todas as mulheres vítimas das religiões.

Condição feminina

    Desde a adolescência, o diretor Nicloux contou aos jornalistas, teve vontade de fazer um filme sobre esse romance de Diderot, pela força anticlerical transmitida pelo texto Respondendo a uma pergunta sobre se haveria atualidade em se mostrar num filme a vida nos conventos no fim do século XVIII, Nicloux, recorreu à resposta de sua filha de 15 anos, à qual submeteu o livro de Diderot e perguntou se seria válido nos dias de hoje.

    “Acho que as coisas não evoluiram”, disse a menina. “As mulheres ainda não gozam de liberdade numa grande parte do mundo”. Nicloux citou também o caso recente noticiado pela imprensa de uma mulher ter tido amputados orelhas e nariz por não querer dormir com o marido.

    Diderot, disse o cineasta, se opunha ao fanatismo religioso. E Nicloux aproveitou para fazer publicamente sua profisão de não ter fé. “Sou ateu, não acredito na existência de um Deus. No máximo, eu poderia aceitar uma visão panteista pela qual Deus seria a própria natureza, mas me revolto quando vejo as pessoas crendo em coisas que não se vêem e querendo forçar os outros a lhes seguirem.”

Retrógradas e reacionárias

    Depois de uma jornalista iraniana exilada na Europa ter falado das exigências e intolerâncias dos muçulmanos xiitas com relação às mulheres no Irã, Guillaume Nicloux citou que no seu próprio país, a França, existem os que condenam o preservativo, a pílula anticoncepcional, com os homens fazendo a lei religiosa, ao mesmo tempo que, hipocritamente, falam em paridade entre homem e mulher. “Basta se ouvir os líderes religiosos franceses para saber que mantêm visões retrógradas e reacionárias como em outros países com outras religiões”.

    O filme A Religiosa mostra as torturas e sofrimentos infringidos no convento à noviça e depois irmã de voto confirmado, Suzanne Simonin, obrigada a seguir a vida religiosa pela família. A novela de Diderot inspirou diversos filmes, entre eles o de Jacques Rivette, em 1966, que acabou tendo proibida a exibição nos cinemas por intervenção da Igreja católica. O filme de Guillaume Nicloux tem proibição certa nos países muçulmanos. Quando ao Vaticano, é esperar para ver.

(Rui Martins/Especial para brpress)

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