Amansa, coronel Nascimento
(Paulínia/SP, brpress) – Em Tropa de Elite 2, protagonista ganha contornos menos agressivos e vira “rei da moral”, conquistando o público. Por Gabriel Bonis.
(Paulínia/SP, brpress) – Na sequência de Tropa de Elite, o anti-herói Capitão Nascimento ganha contornos menos agressivos e tem aprofundada sua relação com o filho, mostrando a dificuldade de contar ao jovem, a ferocidade do que faz. Antes um brutamontes, o personagem ganha ares de herói ao tentar desmantelar a corrupção na polícia militar e lutar contra o próprio governo após perceber que havia sido enganado. Embora todo esse drama o torne muito vulnerável e distante dos aspectos mais conhecidos de sua personalidade.
Porém, há momentos em que o velho Capitão Nascimento aparece com toda raiva como quando espanca o corrupto Secretário de Segurança Pública, para delírio da platéia de 1200 pessoas no Theatro Municipal de Paulínia. “Interessa complicar os conflitos para o Capitão Nascimento. Ele achava que o inimigo era a esquerda, mas na verdade era a instituição que defendia. É dramaturgicamente mais interessante brincar com isso”, afirma o roteirista Bráulio Mantovani.
“No primeiro filme, o arco dramático é do Mathias. É ele que sofre a transformação. O Nascimento já é trágico, mas quando percebe que é trágico ganha mais dimensão e representa mais gente que no primeiro filme”, conclui Padilha.
Violência
Os elementos tradicionais da primeira parte do filme, como inúmeras trocas de tiros, assassinatos e tortura também garantem presença, embora em menor quantidade. Aparecem apenas como parte do contexto. Pois são seus significados e causas ganham destaque e geram discussões.
“Um filme não altera a realidade, ajuda com mudanças pequenas. Mas isso não significa que devemos ser pessimistas. Os filmes, artigos e livros juntos fazem a diferença ao longo do tempo. Não é instantâneo, mas temos que insistir. Colocando de outra forma: Missão dada é missão cumprida”, diz Padilha.
Tropa de Elite 2 é apenas “ficção”. Mas incomoda fortemente por mostrar aspectos da sociedade carioca nem um pouco exclusivos. Chama atenção ao apontar o dedo para fatos conhecidos, como o poder das milícias e a corrupção e poder de manipulação dos políticos. Mas, principalmente, por decretar o fim da polícia militar, a qual classifica de organização desmantelada por dentro, nos fazendo refletir se estamos órfãos de segurança. Afinal, se nem mesmo a truculência do Bope é capaz de deter a infiltração criminosa, que dirá Coronel Nascimento.
(Gabriel Bonis/Especial brpress)