Camille Claudel 1915 decepciona
(Berlim, brpress) - Filme, quase sem diálogos, praticamente sem som, é, um mergulho num asilo de loucos onde escultora passou 48 anos. Por Rui Martins.
(Berlim, brpress) – Internada num manicômio com 30 anos e morta aos 78, escultora francesa Camille Claudel passou a maior parte da vida entre os loucos. Por isso, o filme Camille Claudel 1915 era aguardado com expectativa no Festival de Berlim. Afinal, qual teria sido o ângulo da vida da escultora escolhido pelo cineasta Bruno Dumont?
Na época de sua internação como psicótica, com base numa lei que justificou muitas arbitrariedades, diversos artistas, inclusive o escultor Auguste Rodin, tentaram intervir em seu favor. Embora Camille Claudel tivesse sido apontada como artista de grande talento, tendo mesmo influenciado Rodin, o reconhecimento pleno de seu valor foi póstumo.
Transferência
O título do filme tem a data de 1915, época que em Camille Claudel foi transferida para o manicômio de Montdevergues, perto de Avignon, na França. E a surpresa revelada é decepcionante – o filme, quase sem diálogos, praticamente sem som, é, na verdade, um mergulho num asilo de loucos, com alguns deles transformados em atores. E é nesse meio delirante que se vê Camille, com a qual a atriz Juliette Binoche tem grande semelhança.
Ali, Camille escreveu muitas das cartas ao irmão Paul Claudel, única pessoa da família que a visitava. E não se sabe, ao sair do filme, qual a intenção exata do cineasta Bruno Dumont – seria a de mostrar o asilo de loucos no qual a escultora Camille Claudel viveu 48 anos de sua vida? Fica a dúvida.
Melhor ficar com outro filme anterior, Camille Claudel (1988), como referência. Mas vale lembrar que este longa, dirigido por Bruno Nuytten e com Isabelle Adjani no papel da escultora, terminava justamente no momento em que ela era internada no hospício.
(Rui Martins/Especial para brpress)