
Criação domestica Darwin
(brpress) - Charles Darwin é um homem de alma torturada – quase um artista incompreendido pela família e amigos – em Criação, agora nos cinemas brasileiros. Por Juliana Resende.
(brpress) – Charles Darwin (1809-1882) é um homem de alma torturada – quase um artista –, na pele de Paul Bettany, em Criação (Creation, Reino Unido, 2009), em cartaz no Brasil. O filme britânico não fez muito estardalhaço no Reino Unido, nem no bicentenário de nascimento do gênio da biologia. No entanto, pela riqueza do personagem, o filme vale a sessão.
O cineasta inglês Jon Amiel opta pela sobriedade e investe no lado família de Darwin – tão prejudicado devido à intensa dedicação do cientista à teoria da evolução. Biografias contam que ele passava horas e dias trancafiado em seu laboratório e, quando à mesa, para jantar parecia um ET no mundo da lua. Em Criação Darwin é infantilizado e assombrado pelo fantasma da filha Annie (brilhantemente interpretada por Martha West).
Criacionismo
É também mau-humorado e tido como louco em alguns momentos mais críticos de seus “delírios” pela mulher carola (Jennifer Connelly, também no mesmo “papel” na vida real) e pelo reverendo (Jeremy Northan, também genial), amigo da família e a quem Charles cutuca com certa revolta, questionando o absolutismo e obscurantismo das leis divinas, assim como o criacionismo – que ainda, cerca de 150 anos depois do revolucionário A Origens das Espécies, encontra espaço na humanidade.
Há quem critique o fato de Charles Darwin ser tão impressionado com a doença e morte de Annie e de não poder tido salvo a garotinha de seus olhos – mesmo munido de tanto estudo. Mas o mérito do filme é justamente dar uma roupagem humana e frágil ao carrancudo e cabeçudo homem que deixou o mundo boquiaberto no século 19 e ainda perplexo diante do seu conhecimento no século 21.
Prepare-se para um dramalhão mascarado de duelo entre o emocional e o racional, a ciência e a religião, a crença e a demonstração, a vida e a morte.
(Juliana Resende/brpress)