Ferrugem e Osso: ode ao amor cru
(Londres, brpress) - Marion Cotillard poderá muito bem ser de novo indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua eloquente interpretação. Helena Alves conversou com atriz.
(Londres, brpress) – Leicester Square, ponto turístico de Londres e epicentro das sessões de gala do 56o. BFI London Film Festival, o Festival de Cinema de Londres, vestiu-se a rigor em mais uma noite de tapete vermelho. Não poderia se esperar menos na estreia de Ferrugem e Osso (Rust and Bone, 2012), que acabou levando o prêmio de Melhor Filme e que contou com a presença de Marion Cotillard, estrela do longa, na premiére londrina.
O novo trabalho do francês Jacques Audiard (O Profeta), que foi nomeado à Palma de Ouro em Cannes e exibido em apenas uma sessão no Festival do Rio (as outras duas foram canceladas), é um retrato cru e poético do que o amor pode ser. “Espero que todos possam experimentar um amor assim uma vez na vida”, disse a atriz, nome mais proeminente do cinema francês da atualidade. Mas o amor de Ferrugem e Osso não será um amor comum.
Do nada
Marion Cotillard é Stéphanie, uma treinadora de baleias num parque aquático no sul de França. Ali (Matthias Schoenaerts), acabado de chegar à cidade com o seu filho de cinco anos, é um homem duro que faz de tudo para sobreviver. Eles não têm nada em comum, mas se atraem. “Penso que, se alguma lição possa ser tirada do filme, é a de que o amor nasce do nada. Vem de onde e quando menos se espera. Pode parecer clichê, mas é verdade”, comentou Cotillard.
Stéphanie e Ali conhecem-se quando ela é agredida na boate onde ele trabalha como segurança. Mas é apenas após uma terrivel tragédia que os dois voltam a se encontrar e uma espécie de amor nasce, entre um misto de violência, sexo e redenção. Para Cotillard, os personagens são duas pessoas que tentam trazer à tona um ao outro, numa relação sem qualquer julgamento. São apenas dois seres humanos.
O filme surpreende pela dureza física de Ali, por um lado, e a força emocional de Stéphanie, por outro. Com uma direção de fotografia cuidadosa e uma trilha sonora intensa, o filme parece não deixar nada por dizer, nem mostrar. É uma história nua e crua do encontro de duas pessoas, unidas num mundo de imperfeição e adversidade.
Descendo do salto
Após a exibição do filme, elenco e realizador subiram ao palco e houve lugar para momentos de descontração, entre perguntas e respostas da plateia. O público mostrou-se rendido à interpretação dos atores – Cotillard, que já tem um Oscar por Piaf (2008), está ótima – e Audiard mostrou-se emocionado com a reação dos presentes na sessão.
Quando perguntado sobre que filme pretende fazer em seguida, o diretor respondeu, em tom de piada: “Um musical”. A noite já se estendia e Cotillard mostrou-se completamente à vontade quando tirou os sapatos de salto alto: “Peço desculpa, mas já não aguento mais”, disse, entre risos.
Cotillard poderá muito bem ser de novo indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua eloquente interpretação em Ferrugem e Osso – que só deve ser ameaçado por Intocáveis, na indicação para representar a França e concorrer a uma vaga na disputa de Melhor Filme Estrangeiro. Parece impossível não torcer para Audiard e Cotillard – tão adorável quanto talentosa.
(Helena Alves/Especial para brpress)
Assista ao trailer de Ferrugem e Osso, em francês: