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Filme-livro de Rushdie aplaudido

(Londres, brpress) – Escritor é astro da estreia londrina de Os Filhos da Meia-Noite e conversa com plateia após sessão no London Film Festival. Maysa Monção estava lá.

(Londres, brpress) – Salman Rushdie, autor que até hoje enfrenta perseguições no mundo islâmico por conta de seus Versos Satânicos (a sentença de morte dada pelo aiatolá Khomeini em 1999 permanece), foi aclamado no tapete vermelho da estreia do filme Os Filhos da Meia-Noite (Midnight’s Children, 2012), no 56o. BFI London Film Festival, o Festival de Cinema de Londres.

    Acompanhado da diretora Deepa Mehta, dos atores Satya Bhaba, Shahana Goswami e Charles Dance (Scoop: o Grande Furo, Assassinato em Gosford Park), Rushdie foi o astro da noite. Afinal, é o autor do livro homônimo (Companhia das Letras, 606 págs.)  e assina o roteiro do filme.

    Num debate promovido pela direção do festival após a primeira sessão, acompanhado pela brpress, o produtor afirmou que “foram quatro anos para transportar para as telas as muitas camadas do livro e as diferentes locações [no total são 68, todas no Sri Lanka]”.

Adaptação

    O autor britânico nascido na Índia disse que “não teria pensado nisso [na adaptação para o cinema] sozinho. Foi Deepa Mehta quem me perguntou quem detinha os direitos.  Para dizer a verdade, respondi: eu! Podemos fazer? Sim.”

    O extenso romance de 600 páginas passeia entre a história de seu protagonista e a da Índia. O protagonista Salim nasceu no mesmo dia que seu país, em 1947 – ano de independência indiana do Reino Unido –, o que dá ao leitor uma ideia de um grande sonho e uma grande fantasia (um tanto quanto O Nascimento de uma Nação, clássico do cinema americano de 1915, dirigido por David W. Griffith).

    O filme, que conta com a voz de Rushdie como narrador, porém, não convence quem conhece a estrutura da sociedade indiana a fundo. Muito do misticismo e exotismo que o Ocidente acredita existir na Índia fica soterrado em problemas,  como a extrema pobreza e o sistema de castas, ao qual o povo indiano ainda está arraigado,  que o sonho maior de 1947 não conseguiu erradicar até hoje.

Civilização ferida
  
    Para citar outro grande emigrante indiano, Naipaul, “a civilização ferida” retratada no filme de Deepa Mehta é uma espécie de Mahabharata com o pano de fundo da história política da constituição do Estado indiano nos 40 anos, depois de sua independência. Nesse contexto, a antagonização entre Salim e Shiva (o ator Siddarth) revive a epopeia  clássica, mas isso não basta para que o espectador entre no clima oriental propriamente dito.

Referência histórica
    
    Os Filhos da Meia-Noite, o livro, é referência histórica. Foi para o ator Charles Dance: “Eu li o livro quando estava na Índia em 1992. […] Recebi um telefonema da produção do Reino Unido perguntando se eu gostaria de me juntar ao elenco como símbolo do Império Britânico.” 

    Explica-se: Dance tem uma condecoração da Ordem do Império Britânico – assim como Rushdie, condecorado em 15 de junho de 2007 como Cavaleiro Comandante do Império Britânico (Knight Commander of the British Empire), fato que provocou diversos protestos no mundo islâmico.
  
    Na sessão, a diretora afirmou, orgulhosa, que na semana passada eles assinaram um acordo garantindo que o filme será visto na Índia. Para Rushdie, “é muito importante que as pessoas na Índia possam vê-lo. Espero que a recepção seja incrível”.

(Maysa Monção/Especial para brpress)

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