Há vida animada além da Disney
(brpress) - Estreia de Rio nesta sexta (08/04) mostra que filmes do estúdio de Mickey Mouse têm concorrência cada vez mais forte. Por Vanessa Wohnrath.
(brpress) – Bambi, Dumbo, Pinóquio, Mogli, Branca de Neve. Estes são alguns dos personagens da literatura que ganharam vida em animações memoráveis. A Walt Disney Company, criada em 1923, com o nome de seu fundador, é a responsável por essas obras. Desde então, as animações são a marca registrada do estúdio e sinônimo de produções de extrema qualidade. Mas esta hegemonia está mudando.
Tendo Mickey Mouse como símbolo do estúdio, hoje, o ratinho é ofuscado por outros personagens da Disney, vindos de animações tradicionais, como A Pequena Sereia (The Little Mermaid, 1989) e O Rei Leão (The Lion King, 1994), ou de animações digitais, como Toy Story (1995) e Procurando Nemo (Finding Nemo, 2003).
A computação gráfica escreveu um novo capítulo na história da Disney, com a aquisição da Pixar. Porém, a tecnologia mais acessível abriu mais portas para outros estúdios investirem em animações e fazerem frente à concorrência da poderosa Disney/Pixar.
O voo da arara
Se a Disney/Pixar tem os personagens Woody, Sulley e Nemo, outros estúdios como, Dreamworks Animation, BlueSky e Universal, têm Shrek, Scrat, Bob Esponja e Blu, o novato da turma. Este é a arara azul domesticada da animação Rio, que estreia nesta sexta-feira (08/04).
O filme é do brasileiro Carlos Saldanha, que dirigiu a trilogia A Era do Gelo (Ice Age, 2002/2006/2009). Ele abandona o frio do período glacial e explora, agora, o calor dos trópicos – mais especificamente, do Rio de Janeiro.
A Cidade Maravilhosa é o pano de fundo para a aventura de Blu. Ele, em companhia da dona, Linda, sai de uma cidadezinha do estado de Minnesota, nos Estados Unidos, e vai para a capital fluminense. Sua espécie está ameaçada de extinção e, por isso, precisa conquistar o amor da arara Jade e, assim, manter a linhagem.
Rivalidade de peso
Nos Estados Unidos, o atual campeão de bilheteria, é o misto de animação e live-action Hop – Rebeldes Sem Páscoa (Hop, 2011), que pertence ao estúdio Universal. No clima do feriado que vem chegando, o Coelho da Páscoa é atropelado. Enquanto ele não se recupera, a farra dos doces fica ameaçada.
A principal concorrente da Disney/Pixar é a Dreamworks Animation. O filme inaugural do estúdio foi Formiguinhaz (Antz, 1998). De lá para cá, surgiram animações de qualidade e de sucesso nas bilheterias. A quadrilogia Shrek (2001/2004/2007/2010) é a mais popular, que rendeu aos cofrinhos da Dreamworks Animation quase R$ 3 bilhões pelo mundo.
Tanto sucesso com Shrek faz com que o estúdio lance um spin-off, com o personagem Gato de Botas, na animação de mesmo nome, que estreia no dia nove de dezembro. É bem provável que o felino com olhar de piedade conquiste mais uma vez o público e abocanhe uma boa graninha.
Ainda este ano, a Dreamworks lança Kung Fu Panda 2 (10/06) e até 2014 vêm com as continuações de Madagascar 2 – A Grande Escapada (Madagascar: Escape 2 Africa, 2008) e Como Treinar o Seu Dragão (How to Train Your Dragon, 2010).
Meio termo
Quem pensa que animação é só coisa de criança está muito enganado. Animações que dialogam tanto com as crianças quanto com os adultos são uma constante na indústria cinematográfica. Uma mesma animação consegue agradar a um variado público, que aprecia o filme de diferentes formas.
Enquanto os pequenos se divertem com as trapalhadas dos personagens, os jovens e adultos se deleitam com o conteúdo repleto de piadas, ironias, referências e sátiras à sociedade. Os filmes da série Shrek são clássicos exemplos.
Somente para adultos
Produções cômicas com cara de desenho infantil, como Beavis and Butt-head Conquistam a América (Beavis and Butt-Head Do America, 1996), South Park: Maior, Melhor e Sem Cortes (South Park: Bigger Longer & Uncut, 1999) e Os Simpsons – O Filme (The Simpsons Movie, 2007), também pegam carona na temática irônica e sarcástica.
Já outras animações se voltam ao universo adulto em histórias que beiram a realidade visual. Waking Life (2001) filosofa sobre o mundo dos sonhos. O triste Mary e Max, Uma Amizade Diferente (Mary and Max, 2009) trata de uma menina e de um homem, que trocam cartas ao longo dos anos.
Film Noir (2007), Renaissance (2006) e Metropia (2009) embarcam no suspense paranoico e investigativo.
Outros territórios
O cinema de animação cresce para todos os lados – e o Brasil não fica de fora. A produção 100% nacional ganha espaço na televisão. Peixonauta, Meu Amigãozão, Escola Pra Cachorro e Princesas do Mar são sucesso entre a garotada.
No começo do ano, foi lançado Brasil Animado, primeiro longa-metragem nacional, em 3D. A mão-de-obra brasileira tem sido muito requisitada fora do país. O já citado Carlos Saldanha e muitos outros engrossam a lista, como Marcelo de Moura, da produtora santista LightStar Studios.
Moura e sua equipe, ficaram responsáveis pela criação de personagens da animação O Segredo de Kells (The Secret of Kells, 2009), uma coprodução entre França, Bélgica e Irlanda, indicada ao Oscar.
O Japão é um país com forte produção animada, grande parte baseada em mangás. Um importante nome deste gênero é Hayao Miyazaki, responsável pelo oscarizado A Viagem de Chihiro (Sen to Chihiro no Kamikakushi, 2001) e O Castelo Animado (Hauru no Ugoku Shiro, 2004).
Todos estes títulos são apenas uma pequena mostra de um gênero que aumenta ano após ano, e de mais uma forma de se contar histórias fantásticas – sejam elas, infantis ou adultas, da Disney/Pixar ou de outros estúdios. O que importa é que a produção cinematográfica está mais animada do que nunca.
(Vanessa Wohnrath/Especial para brpress)