Homem Irracional: pra quê pensar demais?
brpress) - Filme sobre professor de filosofia surtado é a primeira colaboração de Woody Allen com outro freak de carteirinha: Joaquin Phoenix. O resultado é ótimo. Por Juliana Resende.
(brpress) – O professor de filosofia Abe Lucas é um pouco (um pouco, não – muito!) o alterego de Woody Allen, que assina Homem Irracional (Irrational Man, 2015, EUA), estreando agora no Brasil. É a primeira colaboração de Allen com outro freak de carteirinha: Joaquin Phoenix. O ator, que sabe bem o que é entrar de cabeça em fases críticas, seja na vida real (ele já tentou até ser rapper e desistir de atuar), seja vivendo personagens que passaram do fundo do poço, como Johnny Cash (Johhny e June) e Cômodus (Gladiador), está ótimo.
Phoenix deixou até um pneuzinho crescer para encarnar o intelectual niilista e sem apetite sexual, sucumbindo a um tremendo bloqueio criativo, até encontrar o leitmotiv que o fará sentir tesão pela vida de novo: matar um juiz injusto que torna a vida de pessoas que ele sequer conhece um inferno. O planejamento do assassinato (ou melhor, do ato que vai livrar o mundo dessa excrescência) o faz sentir-se revigorado e encarar qualquer parada: inclusive ir para a cama com uma aluna (Emma Stone) que está apaixonada por ele. Ou melhor: pelo Lucas romântico e poeta (não o assassino sangue-frio e premetidado).
Estereótipos
Phoenix entrega uma performance memorável, mostrando-se um ator realmente diferenciado (e não falamos apenas da cicatriz que marca seu lábio leporino, que lhe confere charme extra) e nada convencional, apesar de os papéis de Allen serem tão estereotipados. “Joaquin Phoenix possui uma complexidade interior que funciona muito bem para o papel”, diz Allen. “Tudo o que você der a ele para fazer ou dizer se torna interessante por causa desta complexidade que ele naturalmente projeta”, elogia.