
Japão, Alemanha e juras de amor
(brpress) - Cenários contrastantes entre Alemanha e Japão e roteiro ilustrado por dor e amor (mesmo que na prática não seja tão emocionante assim), fazem de Hanami – Cerejeiras em Flor um filme, até certo ponto, inspirador. Por Eliane Maciel.
(brpress) – As cenas de contraste entre Alemanha e Japão já garantem um ar de curiosidade. Uma Alemanha calma e típica e um Japão caótico, cheio da típica poluição visual de uma metrópole como Tóquio. O roteiro, recheado de situações de drama, dor, amor, perdas e realização de sonhos, é, de certa forma, inspirador. Mas Hanami – Cerejeiras em Flor (Kirschbluten – Hanami, Alemanha/França, 2008), da diretora e roteirista Doris Dorrie, que estreia nesta sexta-feira (25/12), infelimente, não possui nenhum grau muito profundo de emoções para o grande público.
Hanami é sensível, é agradável, mas não convence. A surrealidade do enredo não combina com a demanda de um público sedento muitas vezes por dramas mais depressivos e óbvios. A atuação do elenco, no entanto, é digna de palmas. Em certo momento, durante o filme, chegamos a pensar que talvez eles sejam personagens reais – com uma história cheia de premissas exageradas, mas real. Elmar Wepper (Rudi Angermeier), Hannelore Elsner (Trudi Angermeier) e Birgit Minichmayr (Karolin Angermeier) mostram que têm total controle sobre seus personagens.
Com suas vidas no interior da Alemanha, Trudi e Rudi, que são casados há décadas, recebem uma notícia que impacta a relação: Rudi está doente e tem pouco tempo de vida. Decidida a não contar ao marido sobre a gravidade de sua doença, Trudi passa a se sentir amargurada, mas determinada a dar ao amor de sua vida (que é um homem difícil e cheio de manias) toda dignidade e felicidade possível até o fim de seu dias.
Apesar da história romântica, os personagens possuem uma aura de egocentrismo exarcebada, que pode chocar um pouco – os filhos e os netos do casal, por exemplo, são totalmente alheios a tudo e a todos. Dada a circunstância, o médico do casal sugere que eles façam algo juntos, como realizar um velho sonho, e Trudi aceita o conselho do médico.
Sonhos nipônicos
Ela há muito tempo gostaria de ir ao Japão, mas primeiramente convence Rudi a visitar seus filhos e netos em Berlim. Quando chega na cidade, o casal percebe que os filhos estão tão ocupados com suas próprias vidas que não têm tempo para eles. Antes da etapa seguinte da viagem, uma segunda tragédia acontece: Trudi morre repentinamente. Rudi fica devastado e não tem a menor idéia do que fazer.
Por meio do contato com a amiga de sua filha, Rudi compreende que o amor de Trudi por ele havia feito com que ela deixasse de lado a vida que queria viver. Ele começa a vê-la com outros olhos e promete compensar sua vida perdida embarcando em uma última jornada, para o Japão, na época do festival das cerejeiras, uma celebração da beleza, da impermanência e de um novo começo, pela qual a esposa era apaixonada.
São praticamente duas horas de um filme que mostram a fragilidade das emoções humanas e paisagens atraentes. Mas o que vale realmente a pena aqui, é justamente o fato de ser uma produção totalemnte fora do conceito pronto e mastigado a que estamos acostumados em filmes hollywodianos.
(Eliane Maciel/Especial para brpress)