Júlio Bressane retorna a Locarno
(Locarno, brpress) - Cineasta brasileiro vai presidir júri do festival, onde exibe o filme Garoto, inédito no Brasil. Por Rui Martins.
(Locarno, brpress) – O cineasta brasileiro Júlio Bressane vai presidir o júri da mostra Cineastas do Presente, do Festival Internacional de Cinema de Locarno, de 5 a 15 de agosto. Bressane esteve em Locarno há dois anos, com o filme Educação Sentimental. Este ano, aproveitará sua presença para mostrar seu novo filme, ainda inédito no Brasil, Garoto, com os atores Marjorie Estiano, Gabriel Leone e Josie Antello.
Garoto faz parte de um projeto coordenado e realizado pelo próprio Bressane, com o nome de Tela Brilhadora, integrado por quatro filmes também com projeção no Festival de Locarno. Os outros três filmes são: O Espelho, de Rodrigo Lima; O Prefeito, de Bruno Safadi com Nizo Neto, Djin Sanzerla e Gustavo Novaes; e Origem do Mundo, de Moa Batsow, todos também estreando em Locarno.
Marcado pela censura
Considerado dos mais férteis cineastas brasileiros, um dos primeiros grandes sucessos de Júlio Bressane foi em 1969, Matou a Família e Foi ao Cinema, retirado dos cinemas pela censura militar, na segunda semana de exibição, sob o pretexto de ser filme subversivo “financiado pelo Marighella”, como lhe disse, na época, o próprio general Silvio Frota.
Para não ser preso, Bressane se exilou durante cinco anos em Londres. O irônico é que Matou a Família e Foi ao Cinema era na verdade uma crítica à Embrafilme e, segundo Bressane, a maior censura ao seu filme foi a do meio cinematográfico incomodado.
Garoto e Billy the Kid
Sobre Garoto pouco se sabe. Porém, numa entrevista concedida ao crítico Luciano Trigo, em 2002, Bressane falava dos contatos mantidos com o escritor argentino Jorge Luís Borges, ainda em 1982, que pode servir como um ponto de referência: “Eu tinha o projeto, que ainda vou realizar, de filmar um texto que escrevi a partir da lenda de Billy the Kid, chamado O Garoto. Borges tem um texto em História Universal da Infâmia, com uma visão extraordinária e original, uma leitura da infância de Billy The Kid, que o retrata como um personagem negativo, um menino ruim que gostava de matar e morreu falando palavrões em espanhol”.
(Rui Martins/Especial para brpress)