Logan é ‘filme sobre um homem’
“Não sobre um personagem de quadrinhos”, diz Hugh Jackman sobre a despedida de Wolverine, que encerrou Festival de Berlim.
(Berlim, brpress) – Não um filme de arte, mas um blockbuster da mais nobre linhagem das histórias em quadrinhos da Marvel fechou o 67o. Festival Internacional de Cinema de Berlim: Longan (2017), a despedida das telas de Wolverine, personagem dos X-Men, vivido por Hugh Jackman. Logo após a sessão na Berlinale, onde vimos o filme e que contou com a presença do ator. Jackman embarcou para São Paulo, onde deu entrevista coletiva à imprensa.
Logan, que estreia no Brasil em 02/03, encerrou a principal mostra da Berlinale, a da Competição Internacional, mas sem participar dela. É o terceiro filme de Wolverine entre os oito da série que começou em 2000, dirigido James Mangold. “Logan é um filme sobre um homem, não sobre um herói de quadrinhos”, disse Hugh Jackman, para quem Logan é um velho companheiro – ele tem vivido o personagem, um mutante dotado de extraordinária força e resistência, há 17 anos.
Política e violência
Embora não tenha (aparentes) pretensões políticas, Logan é forte, violento e discute alguns temas como inclusão, preconceito e poder. É uma mexicana que vai pedir ajuda a Logan, pois a mutante X-23, a adolescente Laura [uma operação do governo transforma crianças em “máquinas de matar”] está ameaçada e deve ser levada para a fronteira com o Canadá. Logan será o mentor e protetor de Laura (vivida brilhantemente pela atriz anglo-hispânica Dafne Keen).
Perto da fronteira canadense vive um grupo de adolescentes com os mesmos poderes, criados pelo mesmo programa que originou os X-Men, agora ameaçados de extinção.
“Eu acho que lá atrás Bryan Singer [diretor de quatro filmes dos X-Men] tomou algumas decisões muito ousadas. A primeira cena do primeiro filme é num campo de concentração. Isso não é o que as pessoas esperavam de uma história baseada em quadrinhos. Ele não queria quadrinhos no set, sempre dizia que era um filme sobre humanos, sobre preconceito e como as pessoas têm medo do que não conhecem. Nos anos 60 os X-Men eram uma alegoria a Martin Luther King e Malcolm X. Singer foi muito corajoso e vemos reflexos disso até hoje”, diz Jackman.
‘Visceral’
Logan é também o filme mais violento dos X-Men. Nos EUA, foi classificado para maiores de 18 anos. No Reino Unido, entrou como 12 anos. No Brasil, ainda não saiu a classificação. Em Berlim, um crítico afirmou que não levaria sua filha para assistir ao filme, criando um certo constrangimento na entrevista com Jackman e James Mangold perguntando como o diretor vê o uso de atores menores em filmes de extrema violência.
Mangold argumentou que, embora a limitação da idade dos espectadores para maiores de 18 anos limite também a bilheteria, tem um efeito positivo: “Pudemos fazer algo realmente visceral”. E acrescentou: “Tivemos essa liberdade. Essa preocupação com cenas de violências passa a ser dos pais. Nós tivemos outra preocupação: a de fazer um bom filme do gênero.”
Em São Paulo, Jackman defendeu a reflexão que Logan faz: “Quando você pratica violência, isso fica com você. Em um momento do filme, Laura está falando com ele sobre os sonhos que tem e como ela machuca pessoas neles. E ele diz: ‘Você vai ter de aprender a lidar com isso’ . Ela diz: ‘Mas eram pessoas más’. E ele completa: ‘Dá na mesma’. “
“Nós reverenciamos Os Brutos Também Amam, essa ideia de que as suas escolhas importam, de que existem consequências”, conclui Hugh Jackman,
(Colaborou Rui Martins, de Berlim/Especial para brpress)
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Assista ao trailer de Logan: