Luz nas Trevas aplaudido em Locarno

(Locarno, brpress) - Filme brasileiro com Ney Matogrosso, continuação de O Badindo da Luz Vermelha, foi bem no Festival de Cinema de Locarno, onde é favorito a prêmio. Por Rui Martins.

(Locarno, brpress) – Filme brasileiro Luz nas Trevas foi aplaudido na projeção para o público do Festival de Cinema de Locarno, na noite de quarta (11/08), na Suíça. Com roteiro de Rogério Sganzerla, é uma continuação de O Bandido da Luz Vermelha, co-dirigido por Helena Ignez, viúva de Sganzerla, e Ìcaro Martins.
 
Os aplausos foram ao fim da projeção no pavilhão Fevi, no Festival de Locarno, onde o filme foi visto por cerca de duas mil pessoas. Por sua vez, críticos de cinema que entregam todos os anos um prêmio independente, o Borsalino, já escolheram Luz nas Trevas, pelo filme e também por ser continuação da obra de Rogério Sganzerla.
 
Welles

Helena Ignez considera-se desde já satisfeita com a acolhida do filme, mesmo antes da exibição, pela imprensa e pelo reconhecimento da obra e renome de Rogério Sganzerla. Indagada sobre o estilo adotado nas filmagens e montagem de Luz nas Trevas, Helena disse não ter “seguido Orson Welles, seguido por Sganzerla”, mas seu estilo próprio.

Ela também citou Caetano Veloso, dizendo que “a melhor maneira de ser parecida com Sganzerla é a de ser completamente diferente”. “Essa opção autoral veio com o meu trabalho de 35 anos de vida cinematográfica com Sganzerla, de modo que foi natural. Luz nas Trevas é meu segundo filme, o outro foi Canção de Baal, premiado em Trieste, na Itália, por contribuição à linguagem cinematográfica”.
 
Cult

Helena Ignez conta que, no Brasil, O Bandido da Luz Vermelha vem sendo descoberto pela nova geração, pela sua crítica social e por ser um cinema voltado para o futuro. “Numa viagem à Nova Zelândia, há três anos, diz ela, recebi um prêmio pelo reconhecimento da obra de Sganzerla e O Bandido da Luz Vermelha foi, colocado entre os cinquenta melhores filmes do século XX”, conta.
 
O filme Luz nas Trevas retorna à questão da corrupção e injustiça no Brasil, pois na época de O Bandido da Luz Vermelha havia o lema ademarista  e depois malufista do “rouba mas faz”. E, numa das cenas, se vê a frase “o crime não compensa, para os pobres”. Helena acha que alguma coisa tem mudado: “A corrupção no tende a ir desaparecendo, porém vemos que ainda existe”.
 
Festivais

Helena Ignez não fixou ainda a data da estréia de Luz nas Trevas no Brasil, pois agora vai atender aos convites de diversos festivais. A distribuição no Brasil será pela Pandora Filmes, que vai esperar a exibição nos festivais estrangeiros.
 
Na entrevista à imprensa, Helena Ignez quis desfazer o que considera uma confusão, pois, embora o filme seja considerado como integrante do movimento marginal da Boca do Lixo, acha que isso não corresponde à realidade. “Foi a Boca do Lixo que se apropriou do Sganzerla, mas ele mesmo não fazia parte desse movimento”.

(Rui Martins/Especial para brpress)