
Mexploitaion sanguinário
(brpress) – Assim é o longa de Robert Rodriguez sobre renegado ex-agente federal mexicano, abusando dos signos latinos: cores vivas, ar novelesco, cenas exageradas e trama empoeirada a la Kill Bill. Por Eliane Maciel.
Machete se tornou tão popular ao fazer parte dos trailers promocionais de filmes como Planeta Terror (Planet Terror, EUA, 2007), que o cineasta resolveu ceder tanto à insistência de Trejo quanto dos fãs do cinema B. E assim nasceu Machete (EUA, 2010).
Como tudo que vem das mãos mágicas de Rodriguez, Machete está nas telas para chocar, divertir e excitar com cenas sanguinárias, humor sarcástico e sacanagem com beldades como Lindsay Lohan (com papel exclusivo contradizendo o momento inquieto que viveu nos últimos tempos), Michelle Rodriguez e Jessica Alba.
O longa é, na verdade – e diferente do que as pessoas possam pensar –, uma piada sobre a ganância e a corrupção envolvendo o mundo das drogas. Não possui intenções políticas por retratar as questões de imigração adotadas pelo país de Barack Obama. Mas cabe a cada espectador julgar da forma que lhe pareça mais conveniente.
Sangue e degeneração
Em Machete, o foco dos personagens é outro. É a preocupação de a polícia dificultar o tráfico de entorpecentes. É lutar para aniquilar. É defender seu líder revolucionário, seja ele honesto ou não. É conseguir ganhar vantagem e escapar de ciladas armadas por inimigos. É pular de janelas segurando o intestino do inimigo que teve o abdômen dilacerado pelas armas brancas que surgem por todos os lados. É atirar com armas de proporções gigantescas e não deixar sobrar vestígios de quem possa prejudicá-lo.
E com toda uma cultura latina presente no longa, o resultado final da história sobre o renegado ex-agente federal mexicano (Trejo) é um mexploitation setentista: cores vivas, ar novelesco, cenas exageradas e trama empoeirada a la Kill Bill.
Timaço
Machete, depois de ser caçado pelo chefão do tráfico Torrez (Steven Seagal em interpretação que não deixa nada a desejar), vaga pelo Texas e aceita de Booth (Jeff Fahey) uma proposta para assassinar o senador McLaughlin (Robert De Niro caricato e impagável), ícone dos conservadores que querem fechar a fronteira dos EUA aos imigrantes ilegais.
Mas descobre-se depois que o contrato não passa de uma armadilha ao herói, que quando foge, encontra refúgio na rede clandestina de Luz (Michelle Rodriguez bela, forte e latina como sempre).
Dentre os acontecimentos ligados à sua fuga, Machete ainda aproveita para curtir o lado bom da vida, indo para a cama com as belas mulheres que lhe surgem pelo caminho: Luz, April Booth (Lohan) e sua mãe – sim, as duas juntas! – e Sartana Rivera (Alba).
O protagonista mata tudo que atrapalha seu caminho, dorme com as mais gostosas e ainda tem tempo para piadinhas sarcásticas. Assim como o diretor, que faz tudo acontecer num roteiro conciso, sem muitas explicações detalhadas, mas que satisfaz quem cultua o estilo de Robert Rodriguez – cria da escola Tarantino.
(Eliane Maciel/Especial para brpress)