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Cineastas do PresenteCineastas do Presente

Ode à uma grávida

(Locarno, brpress) - Olmo e a Gaivota, filme meio-brasileiro sobre maternidade e transformação, leva prêmio no Festival de Locarno. Por Rui Martins.

(Locarno, brpress) – Olmo e a Gaivota, filme meio-brasileiro (feito em codireção e coprodução com a Dinamarca, Portugal e França), de Petra Costa e Lea Glob, levou o prêmio do júri independente Cinema de Juventude na 68a. edição do Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça. Olmo e a Gaivota estreia em circuito comercial no Brasil nesta quinta (05/11), depois de premiado no Festival do Rio 2015. Concorrendo em Locarno na mostra paralela Cineastas do Presente, dedicada aos novos cineastas, Olmo e a Gaivota é considerado híbrido por ficar entre o documentário e a narrativa de ficção.

    É uma pena o filme não ter entrado na competição internacional em Locarno, pois sua abordagem do tema da maternidade, numa visão bem feminina, enriquecida de poesia e amor, teria certamente uma recompensa garantida. Mas a notoriedade não tardou a acontecer, depois que Petra dedicou o prêmio no Festival do Rio “às mulheres, no desejo de que nenhuma mulher brasileira seja vítima do machismo, físico ou verbal, e que toda mulher possa ter soberania sobre o próprio corpo”, dando a entender seu apoio em defesa à legalização do aborto.

Vídeo viral

Depois do discurso, a página do filme no Facebook foi algo de agressões. Petra Costa então lançou na rede o vídeo Meu Corpo, Minhas Regras, uma colaboração simples, direta, sagaz e muito bem-feita defendendo o direito da mulher de ter o poder de decisão sobre o próprio corpo.

No vídeo – que está viralizando na internet e que vai muito além da campanha de divulgação do filme –, os atores Bruna Linzmeyer, Barbara Paz, Johnny Massaro, Fernando Alves Pinto, Ricardo Targino, Alexandre Borges, Julia Lemmertz, Mumu, Nanda Costa, Gus Machado e Julia Bernat aparecem caracterizados como a protagonista do longa, a atriz Olivia Corsini.

Petra Costa, cujo nome foi uma homenagem dos pais à figura histórica da esquerda brasileira, Pedro Pomar, começou a fazer cinema há seis anos com o curta Olhos de Ressaca, mostrado no Festival de Gramado, e a seguir o longa Elena, em 2012, com quatro prêmios no Festival de Brasília onde estreou, apresentando-se a seguir em muitos festivais internacionais.

Ainda menina

    Precoce, começou a escrever para teatro aos 14 anos. Na universidade, estudou antropologia. Ela mesma explica: “Só com teatro eu não teria muita coisa para falar. O teatro era o veículo, exigia um conteúdo. E antropologia no Brasil é muito importante porque o conhecimento está na terra e no povo. E a antropologia me ajuda muito nos meus filmes, me permitindo fazer uma etnologia ou arqueologia dos sentimentos”. Petra fez mestrado em psicologia.

    Pormenor curioso: Petra não conhecia Lea Glob, que seria sua parceira na direção do filme. O encontro entre as duas decorreu de um convite de um festival dinamarquês de documentários CPH:DOX, de Copenhague.

    Logo depois, de se conhecerem com a atribuição de fazerem um filme, afinaram suas sensibilidades e elaboraram um primeiro projeto de uma investigação psicológica de uma mulher ligada ao teatro, contando os atos simples do cotidiano, tendo em vista os conhecimentos de Petra e seus contatos com o grupo do Thêatre du Soleil, que estivera no Brasil.

    A evolução para um filme sobre a maternidade, ocorreu quando ao contatarem a atriz italiana Olivia Corsini, em Paris, e ela lhes informou estar grávida do seu companheiro também ator do Thêatre du Soleil, o francês Serge Nicolai. O filme foi todo rodado em Paris, no bairro de Belleville, onde o casal ainda mora num apartamento alugado.

Pausa e continuidade

    Olívia se preparava para uma peça teatral de Tchecov e acreditava poder trabalhar até às vésperas do parto, porém a gravidez se complicou logo do início, exigindo repouso e a impedindo de subir e descer as escadas do apartamento.

    Resultado: precisou deixar de participar dos ensaios e da estreia da peça em Nova York. O filme busca captar esse clima no casal com a suspensão da carreira de Olívia que, na verdade, continuou após o nascimento do menino, que recebeu o nome de Olmo. Ele veio com os pais em Locarno.

    Olívia deixou o Thêatre du Soleil por não poder assegurar uma presença diária de doze horas para ensaios e apresentações, como os outros atores. Petra se disse satisfeita com o fato de ter feito um filme dedicado à complexidade dos sentimentos de uma mulher grávida, durante o crescimento de um outro ser dentro de seu corpo, e das repercussões da gravidez nas relações do casal.

    “Depois do longo caminho para a mulher se afirmar como artista e como ser humano”, diz Petra, “a gravidez traz um novo momento, como o da atriz Olívia, obrigada a deixar tudo quanto havia conquistado no teatro para se abrir para o desconhecido, com o risco de abandono de toda uma carreira, ainda que seja temporariamente”.

(Rui Martins/Especial para brpress)

Assista ao trailer de Olmo e a Gaivota:

Assista ao vídeo Meu Corpo, Minhas Regra, de apoio à temática do filme:

https://www.youtube.com/watch?v=CafzeA-9Qz8
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