Onde está Freddy Krueger?
(brpress) – Remake de um dos clássicos mais assustadores do cinema de terror da década de 1980, A Hora do Pesadelo, perde encanto original. Por Eliane Maciel.
(brpress) – Quem é fã sabe: os anos 1980 foram marcados pelo crescimento do gênero slasher (em que um assassino, seja ele humano ou não, mata sequencialmente suas vítimas, geralmente adolescentes) e pelos ícones mais assustadores do cinema de terror: Freddy Krueger, Jason Voorhees e Michael Myers. Infelizmente, nem todos os clássicos que conquistaram toda uma geração – e gerações posteriores – conseguiram manter a mesma qualidade e poder quando relançados no cinema, anos depois. É o caso de A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, EUA, 2010).
Talvez já esteja na hora de Michael Bay, Brad Fuller e Andrew Form, que formam a produtora Platinum Dunes, deixarem de lado tantos detalhes técnicos e partirem para o terror “de raíz”. Apesar de a receita ser sempre a mesma – muito sangue, gargantas cortadas, sustos e alguns risos nervosos – a fórmula da mesmice é exatamente o elemento que encanta neste nicho da indústria cinematográfica. Dentre a lista dos remakes bem sucedidos, estão O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre, EUA, 2003) e Sexta-Feira 13 (Friday 13th, EUA, 2009).
Insônia insossa
Infelizmente, A Hora do Pesadelo de 2010 revive a história de um grupo de adolescentes (formado por um elenco insosso), que passa a compartilhar do mesmo pesadelo na figura do homem de face derretida pelo fogo, suéter listrado e garras metálicas que os aterroriza enquanto dormem. A partir da primeira morte, os jovens descobrem que a única solução para sobreviverem é permanecer acordados. Mas para saber quem realmente é o assassino e impedí-lo, alguém terá que dormir.
Humano demais
O lendário Freddy de Wes Craven era interpretado pelo ator Robert Englund e causava asco só de olhar. Englund possuia um sorriso maléfico e risada sádica únicos – sem falar na feição de satisfação quando conseguia aniquilar suas vítimas. Jackie Earle Haley, que interpreta o vilão desta vez, não dá medo. Ele é humano demais e não relembra em nada o monstro perturbador que Krueger na verdade é.
O personagem de Robert assusta também porque ultrapassa os limites da razão, sem quaisquer escrúpulos, exatamente por habitar um universo onírico. Já o de Haley não explora o imaginário, é apenas um simples serial killer, e não um ser cruel que mata durante o sono. No geral, pode-se dizer que, pelo menos, a produção de Mr. Bay respeita a duração máxima de um bom filme de terror: não ultrapassa os 90 minutos.
Caso estivéssemos em 1980, este fato deixaria um gostinho de quero mais. Com a reinvenção mal feita do mestre dos pesadelos, sob direção de Samuel Bayer, a duração exprime nada mais que alívio. E só.
(Eliane Maciel/Especial para brpress)