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Entre o Céu e a TerraEntre o Céu e a Terra

Paraíso perfeito de Peter Jackson

(brpress) - Mistura impecável da comovente história da garota assassinada e dos devaneios de seu espírito faz diretor de O Senhor dos Anéis acertar com a estreante irlandesa Saoirse Ronan. Por Eliane Maciel.

(brpress) – É bem verdade que  Um Olhar do Paraíso (The Lovely Bones, EUA, 2009), adaptação do romance Uma Vida Interrompida – Memórias de um Anjo Assassinado, de Alice Sebold, e mais recente longa do criador da trilogia O Senhor dos Anéis, Peter Jackson, terá, com sorte, uma participação tímida no Oscar 2010, caso vença na categoria Melhor Ator Coadjuvante. O filme ganha, de fato, notoriedade a partir de sua protagonista: a garotinha irlandesa Saoirse Ronan, que encanta à primeira vista –  tanto por sua beleza angelical quanto pela leveza de sua interpretação num enredo tão pesado.

O filme se passa no início da década de 1970 e conta a história de Susie Salmon (Saoirse), uma menina de 14 anos, apaixonada por um garoto mais velho de sua escola e que almejava ser uma grande fotógrafa no futuro. Com uma família acolhedora e tradicional, Susie nunca teve que enfrentar problemas em seu lar. Era bem-humorada e extrovertida, e ainda podia contar com o apoio de sua avó materna, alcoólatra e totalmente “prafrentex” (para variar, interpretada brilhantemente por Susan Sarandon).

Visão de quem já foi

Por infelicidade do destino, uma dia, ao voltar para casa após a escola, Susie é abordada por Harvey (Stanley Tucci), vizinho da família, que acaba assassinando a garota. A partir de sua morte, o filme mostra um ponto de vista bastante peculiar a respeito do assunto, já que Susie narra sua experiência pós-morte do começo ao fim, em sua estadia em um “Paraíso intermediário”, entre a Terra e o Céu.

Ela começa a acompanhar de fora como sua família (destaque para a atuação de Rachel Weisz, como a mãe) vai se desintegrando devido às dores por seu sumiço e como amigos e o próprio assassino continuam suas vidas após a tragédia, além de ter que lidar com a aceitação de sua própria morte que interrompera seu pleno esplendor da vida. Mas tudo isso acontece, incrivelmente, de uma forma leve, nada dark e deprimente – por mais difícil que seja imaginar.

Cinema inspirador

Peter Jackson, ao lado de seus roteiristas, consegue realizar tal proeza com graça e de uma forma estranhamente reconfortante, através do seu exímio trabalho com as câmeras (os closes de detalhes e expressões, bem a la Michael Mann com uma pitada Lynchiana de um mundo surreal), com as cores setentistas, trilha sonora tridimensional, efeitos visuais delicados porém encantadores e com uma edição digna de aplausos.

Apesar de ser um filme sobre dor, perda, traumas e injustiças, Um Olhar do Paraíso traz uma atmosfera de esperança e uma outra visão da morte, muito diferente do que a grande maioria das pessoas teria em uma situação como a que é apresentada ao público. Ao falar sobre o filme ao USA Today, Peter Jackson declara que sua mulher, Fran Walsh, é quem melhor define a história, defendendo que tudo o que se passa “é sobre o triunfo de um coração generoso e que ama sobre um coração vazio. É sobre uma garota que se recusa a deixar a tragédia e a injustiça de sua morte definirem a sua vida”.

Comparado a seus trabalhos mais recentes, Um Olhar do Paraíso, apesar de seus US$ 65 milhões investidos, é algo simplista e particular. Diferente de toda a explosão visual de O Senhor dos Anéis, por exemplo, o filme está muito mais próximo ao trabalho que rendeu a Peter Jackson sua primeira indicação ao Oscar, o drama Almas Gêmeas (Heavenly Creatures, Nova Zelândia, 1994).

(Eliane Maciel/Especial para brpress)

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