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Como sempre, é Samantha Jones, a personagem de Kim Cattrall, que rouba a cena em Sex and the City 2. Foto: HBOComo sempre, é Samantha Jones, a personagem de Kim Cattrall, que rouba a cena em Sex and the City 2. Foto: HBO

Samantha and the Sex

(brpress) - Esse deveria ser o nome do flime, já que a mais assanhada e poderosa das amigas leva Sex and the City 2 nas costas – e a Abu Dhabi. Por Juliana Resende

(brpress) – Mesmo que seja algo fácil de acontecer eis que, como num passe de mágica, Sex and the City 2 consegue ser divertido e – sim – vulgar, muito vulgar. Mas em comparação à chatura crônica do primeiro filme, é nitroglicerina pura. A energia que circula na tela pode ser resumida em uma frase de Samantha: “I’m gonna rock this dress” – algo como vou “arrasar nesse vestido”. Dito e feito.

    Aliás, como sempre, é a personagem de Kim Cattrall que rouba a cena. Mesmo acusada de “monstro na menopausa movida por um coquetel de progesterona e testosterona” pelos críticos, Samantha se supera em termos de poder, sexo e hormônios. E, em vez do vestido – realmente muito jovial para seus 52 com corpinho de 35 –, ela arrasa mesmo é em todo o filme.

    Afinal, quem suportaria Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker, também produtora do filme) se levando a sério, a sonsa Charlotte (Kristin Davis) neuras com o ofício de mãe, embora conte com a mão na roda de uma babá irlandesa lésbica, e a sem-sal Miranda (Cynthia Nixon) desempregada? Só Samantha salva.

    Burcas e burquinis

    A começar pelo fato de que, quem faz a história acontecer é seu prestígio como RP – que culmina numa semana de luxo e, claro, luxúria, num hotel seis estrelas em Abu Dhabi, com tudo pago para ela e as três amigas do peito. É na capital dos Emirados Árabes Unidos, em meio a burcas, burquinis (bizarros!) e o habitual desfile de moda que fez a fama do seriado, que as garotas fazem e acontecem.

    Carrie está às voltas com as concessões e o tédio do casamento – incluindo a monogamia –, que vivencia com Big e que é tema de seu novo livro, impiedosamente malhado pela New Yorker. Por isso, o encontro com o ex-namorado Aidan (John Corbett) é mais que estratégico: é providencial.    

    Miranda também fica mais interessante (dentro do possível) depois que se demite da firma de advocacia em que trabalha, mandando às favas um chefe misógino. Mas Charlotte é a mesma pamonha de sempre – característica que, de tão acentuada, arranca risos da platéia depois que ela toma umas e outras e parece pra lá de Bagdá.

    Choque cultural

    O fato de as mulheres serem tão alheias aos rígidos códigos culturais árabes e de nenhuma delas flertar com os charmosos morenos (um time de rúgbi australiano entra em cena para ofuscar os ‘Laurences das Arábias’) também foi criticado. Mas o filme aposta na obviedade e as peruas só têm olhos para os ocidentais. Embora Carrie tente humanizar o quarteto devorador de grifes, ele deixa claro que está ávido para “desfrutar de um lugar rico”, como diz Samantha.

    O choque cultural das moças americanas – sempre vestidas da maneira mais espalhafatosa possível – com o machismo árabe é inevitável. E o filme, mais uma vez, concentra isso em Samantha, quando ela seduz um arquiteto dinamarquês e transa com ele na praia – indo em cana antes mesmo de chegar às vias de fato, por atentado ao pudor.

    São situações engraçadas e superficiais que fazem de Sex and the City 2 uma experiência descerebrada e inofensiva – mas que muitos consideraram ofensiva. Como uma bobagem tão grande pode ofender alguém é uma questão que você, leitor(a), pode tentar responder depois de assistir ao longa de Michael Patrick King.

    Com mais de duas horas, Sex and the City 2 é quase que um videoclipe com trilha sonora disco-árabe e alguns diálogos. Trata-se de uma sequência de “números” e o de Lisa Minnelli, cantando e dançando o hit Single Ladies, é realmente impagável. Não só pelos seus 70 anos – já que o negócio aqui é desafiar a lei da gravidade –, mas pelo vigor da diva. É pena que não canta New York, New York – aliás, a Big Apple não entra em cena no filme. Seria a deixa para uma grande homenagem.

(Juliana Resende/brpress)

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Juliana Resende

Jornalista, CCO da brpress, autora do livro Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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