
Sangue Azul quebra tabus
(brpress) - Mostrando incesto, homossexualismo e conflitos de família, filme desagua numa ilha cercada de sexo e álcool por todos os lados. Por Pedro de Luna.
(brpress) – A história de dois irmãos separados na infância que se reencontram anos depois não é uma novidade no cinema. Mas quando o motivo é a possibilidade de um incesto e o cenário é a paradisíaca ilha de Fernando de Noronha, há que se olhar com um pouco mais de atenção. Em seu novo filme, Sangue Azul, o diretor Lírio Ferreira (de Baile Perfumado e Árido Movie) mantém sua marca de carregar em sotaques, ritmos e elementos pernambucanos, porém quebra vários tabus de uma só vez.
Ao misturar mitologia com umbanda e resgatar a tradição do circo familiar, Lírio coloca Netuno e Iemanjá no mesmo pedaço de terra cercado de sexo e álcool por todos os lados. A chegada da trupe do circo Netuno mexe com o dia−a−dia pacato dos ilhéus, acostumados a pescar de dia e beber à noite. Ou como é dito no filme, “as pessoas pensam que a ilha está parada, mas ela não para de se mover”.
Mito
Inspirado pela lenda do pecado em que dois irmãos fornicadores são punidos pelos deuses tendo os seios e o falo transformados em pedra, o diretor pune os irmãos vividos por Daniel de Oliveira e Caroline Abras, separados pela mãe ainda na infância preocupada com um possível incesto.
Anos depois, Daniel, cujo nome real é Pedro, retorna à ilha com um circo onde ele vive o homem−bala Zolah. Por sua vez, a irmã Raquel se tornara uma mergulhadora e estava noiva do seu melhor amigo, Calungo. Com a ajuda de Raquel, Zolah irá superar o medo do mar e mergulhar não apenas na imensidão azul, mas em seus próprios traumas do passado.
Alvo
Para Rosa, a mãe interpretada pela atriz Sandra Corveloni – consagrada logo em sua estreia no cinema com o prêmio de Melhor Atriz em Cannes pelo filme Linha de Passe (2008) –, a ilha era pequena demais para o filho, que dali saiu para conquistar o mundo, ao contrário de sua filha. Imersa em seu universo marinho, Rachel passa mais tempo dentro d´água do que fora. No entanto, o tiro de canhão sai pela culatra. Bang. O homem−bala acerta o coração da irmã. E vice−versa.
Enquanto os irmãos se reaproximam, Zolah transa com todas que cruzam a sua frente, locais, turistas ou sua companheira de circo, Teorema, interpretada pela bela atriz cubana Laura Ramos. Destaque também para a atuação corajosa de Milhem Cortaz, famoso por interpretar machões, que tem um caso com o dono do circo e protagoniza uma impactante cena de sexo passivo. Se for para quebrar tabus, melhor que seja com um paraíso como pano de fundo.
(Pedro de Luna/Especial para brpress)
Assista ao trailer de Sangue Azul: