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O primeiro oficial Jeffrey Skiles (Aaron Eckhart) e o comandante Sully (Tom Hanks)O primeiro oficial Jeffrey Skiles (Aaron Eckhart) e o comandante Sully (Tom Hanks)

Sully sem turbulência

(brpress) - Warner decide adiar estreia de filme protocolar sobre acidente histórico devido à tragédia com voo da Chapecoense. Na tela – e na realidade – todos se salvaram. Por Juliana Resende.

(brpress) – Filme supresa exibido no 60o. BFI London Film Festival, em outubro deste ano, Sully – O Herói do Rio Hudson (Sully, 2016), de Clint Eastwood, não tem grandes turbulências, apesar de mostrar uma das maiores façanhas da história real da aviação: um pouso de barriga na água que tinha tudo para se converter numa tragédia, mas salvou todos a bordo. A estreia no Brasil, programada para 01/12. foi adiada devido ao acidente com o voo que levava a delegação da Chapecoense

Sully realmente tem cenas fortes e pode causar mal-estar aos familiares dos  jogadores, membros da comissão técnica, convidados e jornalistas que estão entre as 71 pessoas mortas após a aeronave, que fazia o trajeto Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) a Medellín (Colômbia) cair numa região montanhosa entre as cidades de La Ceja e La Unión. Esse é o entendimento da Warner, distribuidora do filme no Brasil. Mas trata-se de um filme tranquilo, quase protocolar, com interpretações contidas.

O que Sully ensina é que, como o futebol, a aviação é uma caixinha de surpresas: apesar do treino extremo e dos cálculos de jogadas e manobras, jogo é jogo, voo é voo. Ainda mais com condições climáticas, fatores ambientais e humanos imprevisíveis. Jogo não é amistoso e voo não é simulador. Em ambos, calma e frieza são fundamentais para “virar o placar”, minimizar impactos e, na melhor das hipóteses, vencer as adversidades.

Mayday, mayday, mayday

No caso do pouso de barriga no Rio Hudson do Airbus A320, logo após a decolagem do aeroporto de LaGuardia, em Nova York, rumo ao Charlotte Douglas International Airport, em 15 de janeiro de 2009, a tomada de decisão rápida e sem grandes sobressaltos do comandante Chesney Sullenberger foi a condição sine qua non para que incidente não fosse fatal: todos os 155 passageiros saíram com vida e quase nenhum ferimento. Podia ter dado errado mas deu certo.

Tom Hanks faz um Sully pouco afeito a maniqueísmos – seja da mídia, que o elegeu como herói, seja do National Transportation Safety Bord (NTSB), órgão equivalente ao nosso Departamento de Aviação Civil (DAC) dos EUA, cujas minuciosas investigações questionaram duramente os procedimentos do piloto. Eastwood carrega nas tintas sobre as supostas intenções do NTSB de culpar Sully por não tentar retornar ao LaGuardia ou pousar na pista de Teterboro – manobras que os simuladores mostraram possíveis e corretas na situação. 

O avião perdeu os dois motores após ser atingido por uma revoada de pássaros. Em poucos minutos, o avião perdeu altitude e começou a estolar. Só deu tempo de o comandante dizer a frase que ninguém quer ouvir a bordo: “Brace for impact” (“Posição de impacto”). Sully e o primeiro oficial Jeffrey Skiles (Aaron Eckhart, no filme) simplesmente ignoraram os avisos constantes dos computadores de bordo que dispararam os bordões “too low. terrain; too low. terrain” e histriônicos  “pull up, pull up, pull up”. 

Protocolo de segurança

O filme tem o diferencial e mérito de mostrar uma situação de emergência do ponto de vista dos pilotos no cockpit – e não da cabine, com passageiros enlouquecidos, descabelando, histéricos, chamando todos os santos. Aliás, é espantoso como os passageiros do voo 1549 da US Airways se comportaram corretamente (pelo menos no filme). Há relatos de um dos seis sobreviventes do voo da Chapecoense, o comissário Erwin Tumiri, que  afirma não ter morrido porque seguiu um protocolo de segurança recomendado para desastres aéreos. Ele permaneceu em posição fetal com uma mala entre as pernas, o que teria amenizado o impacto da queda, enquanto a maioria dos passageiros levantou dos assentos.

Se Sully achou que ia morrer e matar a todos? É o mais provável. Mas não restava outra alternativa. Seu pragmatismo, fleuma (não, só a aeronave era britânica) e segurança são admiráveis. O fantasma da culpa mesmo diante do sucesso também. Um personagem e tanto – para um ator e tanto, ainda que e mais um papel altruísta e comedido, como que numa continuação de Capitão Philips. Mas filme é filme. E a realidade, imponderável. 

(Juliana Resende/brpress)

Assista ao trailer de Sully – O Herói do Rio Hudson: 

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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