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Júlio Machado é Tiradentes no filme Joaquim. Foto: DivulgaçãoJúlio Machado é Tiradentes no filme Joaquim. Foto: Divulgação

Tiradentes leva ‘caldo social’ brasileiro a Berlim

(Berlim, brpress) - Joaquim, do diretor de Cinema, Aspirinas e Urubus, revela homem por trás do mártir da Inconfidência no contexto do Brasil colônia, na principal mostra do festival. Colaborou Rui Martins.

(Berlim, brpress) – Tiradentes vai a Berlim antes de 21 de abril – dia em que Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792) foi enforcado e esquartejado, em 1792, por crime de alta traição à Coroa Portuguesa, com o filme Joaquin. Finalmente, a história do mítico mártir brasileiro sai dos livros de história para ganhar versão em carne e osso.

O filme foi selecionado para a Mostra Competitiva do 67o. Festival Internacional de Cinema de Berlim, que acontece de 09 a 19 de fevereiro. Isso significa que Joaquim concorre ao prêmio principal do festival, o Urso de Ouro, o qual o Brasil disputou mais recentemente em 2014, com Praia do Futuro, estrelado por Wagner Moura e dirigido por Karim Aïnouz.

Joaquin é codirigindo por Aïnouz com quem Marcelo Gomes fez Viajo porque Preciso, Volto porque te Amo (2009), prêmio de Melhor Direção e Melhor Fotografia no Festival do Rio daquele ano, e relançado em dezembro de 2016 em DVD e livro pelas Edições Sesc (224 págs., R$ 65). Seria um bom presságio para Joaquim em Berlim?

O Brasil está representado este ano no festival também por outros filmes – mas fora da Mostra Competitiva (leia mais aqui). 

Figura humana

Como o título já entrega, é o homem e não o mito que interessa nesta coprodução entre Brasil e Portugal, com Júlio Machado (o capataz Clemente, da novela Velho Chico) no papel de Tiradentes e a participação de atores brasileiros, portugueses, africanos e índios, com o objetivo de reconstituir o clima – e as mazelas – do Brasil colonial em Minas Gerais.

O cineasta afirma não se tratar de uma reconstituição de fatos históricos da vida do líder da Inconfidência Mineira, mas de uma ficção imaginada a partir de uma inspiração histórica. Marcelo Gomes mostra a figura humana de Tiradentes, com seus erros e acertos, sua tomada de consciência política diante das exigências portuguesas e suas decepções com o descaso dos governantes (era filho de pai português e mãe brasileira). 

Entre ser o motivo do feriado no Brasil, Tiradentes teve uma trajetória tumultuada. Apesar de enforcado, ele poderia ter tido os membros quebrados e ser queimado vivo, não fosse uma carta de clemência da Rainha Dona Maria, já traumatizada – e louca – após ver os nobres da família Távora executados com tais requintes de morte cruel, como previam as Ordenações do Reino.

Inconfidentes 

Embora a Inconfidência se espelhasse nos ideais republicanos reluzindo nos EUA, que estavam em ebulição depois da Revolução Francesa – um basta nos poderes absolutistas das monarquias –, a ideia era somente a independência da então capitania de Minas Gerais. A conspiração teve adesão de nobres fidalgos, entre proprietários de terras e minas (achacados com os impostos cobrados por Portugal) e da elite intelectual – fontes apontam que, à época, oito de cada dez alunos brasileiros na renomada Universidade de Coimbra eram das Minas Gerais, acessando e fazendo circular as ideais liberais que ferviam na Europa. 

Dos conspiradores, Tiradentes era o mais pobretão e foi o único condenado à morte (aos demais coube o degredo). A origem do filme remonta há sete anos, por sugestão de um produtor espanhol, fruto de projeto de uma série para a televisão mostrando os movimentos pela independência nas colônias latino-americanas. A crise financeira espanhola matou o projeto. Porém, Marcelo Gomes decidiu continuar sozinho com foco em Tiradentes – apelido que ganhou por exercer a função de dentista. 

Gomes mergulhou na literatura sobre a Inconfidência e Tiradentes e, depois de viajar por Minas Gerais, escolheu a cidade de Diamantina como o local das filmagens e não Ouro Preto – então Vila Rica, epicentro da Inconfidência –, por conter a diversidade de paisagens necessárias ao filme, que começa dois anos antes da rebelião, quando Joaquim Xavier chefiava uma expedição pelo sertão mineiro ainda como soldado da coroa portuguesa. 

Fraturas sociais

“A ideia era retornar ao Brasil colonial e aos cruéis processos de colonização, para falar das fraturas sociais que se produziram no país e que persistem até hoje. É um filme sobre o momento de conscientização política de um homem comum”, disse Marcelo Gomes a O Globo. 

O diretor se baseou especialmente no livro Desclassificados do Ouro: A Pobreza Mineira no Século XVIII, da historiadora Laura de Mello e Souza, consultora histórica da produção. “Fui arrebatado pelo trabalho de Laura, porque fala muito do caldo social [nobreza portuguesa, trabalhadores brasileiros e escravos] em que o Joaquim viveu naquele Brasil colonial”, completa.

(Colaborou Rui Martins, Especial para brpress)

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