Trainspotting 2: tudo para fisgar até quem não viu primeiro filme
(Berlim, brpress) - T2 é mais um da série 'a volta dos que foram e voltaram' – no caso a gang dos quatro amigos para reviverem, num outro momento, loucuras que excitaram jovens hoje quarentões. Por Rui Martins.
(Berlim, brpress) – Eles formavam uma gang, porém Mark Renton partiu com as 16 mil libras esterlinas provenientes de tráfico de heroína. Vinte anos depois, Renton retorna da Holanda a Edimburgo e reencontra Spud, Sick Boy e Begbie, em situações diversas e mesmo perigosas. O filme, que estreou no Reino Unido em janeiro dividindo a crítica e chega finalmente ao Brasil dia 23/03, foi exibido no 67o. Festival Internacional de Cinema de Berlim.
A estas alturas, quase todo fã do desassossegado Trainspotting – Sem Limites (1996) já sabe que este é o enredo deT2 ou Trainspotting 2. Mas trata-se mesmo de uma continuação, 20 anos depois? O diretor Danny Boyle nega. Porém, a impressão é de um retorno dos quatro escoceses doidões para reviverem, num momento diferente, as loucuras que excitaram jovens hoje quarentões, cinquentões até – o caso so elenco.
‘Tudo mudou’
“Não é uma sequência, mesmo porque o clima da época de Trainspotting era outro, tudo mudou, e seria impossível se reeditar com o mesmo impacto as aventuras do passado”, diz Danny Boyle, o diretor e criador, que não precisa provar nada, pois embolsou um Oscar por Quem Quer Ser um Milionário (Slumdog Millionaire, 2008) e assinou a celebrada festa de abertura das Olimpíadas de Londres – que eternizou a Rainha Elizabeth como Bondgirl.
Mesmo assim, não se pode evitar os comentários maldosos dos que vêem os amadurecidos junkies de outrora como num exercício de come-back no estilo dos Rolling Stones. Mas não se pode negar: o filme tem um ótimo ritmo, como música, movimento, fotografia, enfim, tudo da cultura pós-industrial e submundo das drogas e adjacências. Com esses predicados, não vai ser difícil cativar a galera de hoje, que nunca viu o primeiro Trainspotting.
Chocada
A atriz búlgara Anjela Nedyalkova contou, no encontro com a imprensa na Berlinale, ter visto essa primeira versão quando era “bem adolescente” e disse “não ter gostado de certas cenas chocantes”. Leia-se bad trips e consumo explícito de heroína – que ainda rola, mas não com aquele impacto.
Agora participante de T2, ela viveu Veronika, a esperta garota que soube convencer o grupo a criar um grande bordel em Edimburgo, mas fugiu para Sofia com as 100 mil libras obtidas para execução do projeto, deixando seus amigos sem nada e obrigados a viver novas doideiras – sempre à beira do precipício.
Trainspotting 2 é também sobre envelhecer, sem qualquer perspectiva, e sobre amizade.
(Rui Martins*/Especial para brpress)
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(*) Rui Martins está em Berlim, convidado pelo 67o. Berlin International Film Festival.