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James Baldwin: contextualizando o racismo como num espectro mais amplo. Foto: DivulgaçãoJames Baldwin: contextualizando o racismo como num espectro mais amplo. Foto: Divulgação

Um pensador negro independente

(brpress) - Eu Não Sou Seu Negro, indicado ao Oscar de Melhor Documentário, é referência ao escritor e ativista negro James Baldwin, guru intelectual da luta contra o racismo nos EUA, mesmo sem se alinhar a nenhum movimento. Por Juliana Resende.

(brpress) – Um filme forte, denso e elucidador. Assim é Eu Não Sou Seu Negro (I’m Not Your Negro. 2016), indicado ao Oscar de Melhor Documentário que estreia em algumas capitas do Brasil. O título é uma referência a seu personagem principal: o escritor e ativista negro James Baldwin (1924-1987), que, autoexilado em Paris, pôde ver e opinar com maior distanciamento e clareza o racismo nos EUA – onde o filme está batendo recorde de público –, mesmo sem se alinhar a nenhum movimento específico.

Narrado por Samuel L. Jackson, o documentário do diretor haitiano Raoul Peck segue o ritmo e as ideias de Baldwin, tido como guru da luta pelos direitos civis nos EUA. No filme, o intelectual discorre sobre pontos em comum e as diferenças entre Malcolm X, Martin Luther King e o menos conhecido Medgar Evers – os três assassinados – e suas táticas de combate ao racismo. A grande sacada de Baldwin é que a compreensão das origens da segregação e a busca por seu fim são de responsabilidade coletiva, mas principalmente de quem a “inventou”: os brancos, como uma “metáfora do poder”. 

Contextos mais amplos

Entenda “branco” como um estado de espírito, uma atitude política, uma ideologia socioeconômica, uma classe dominante. Marlon Brando, por exemplo, era amigo de Baldwin, assim como Sidney Poitier. Ambos defendiam o fim da segregação racial nos EUA e no mundo (especialmente o Apartheid). Baldwin ia além da questão da cor, mas compreendia, aproximando-se mais de Luther King,  e pelo fato de ser homossexual (algo que era motivo de preconceito até nas lideranças anti-segregação racial nos anos 60) que o racismo era um reflexo da discriminação e da pobreza – de contextos mais amplos.

É isso que Eu Não Sou Seu Negro discute, num momento em que os EUA vivem grande ebulição de movimentos negros, que tendem a se fortalecer no governo Trump. Em entrevista ao jornal O Globo, no  67o. Festival Internacional de Cinema de Berlim, onde o documentário também está sendo exibido, o diretor Raoul Peck citou James Baldwin para responder à óbvia pergunta sobre o que ele acha que vai acontecer com os EUA (e o mundo) com Trump: “Vocês precisam mudar sua realidade, porque ela não vai mudar sem que você assuma a responsabilidade.”

(Juliana Resende/brpress) 

Assista ao trailer de Eu Não Sou Seu Negro: 

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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