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Cena de Uma Bandeira Sem País: cidadãos civis curdos pegam em armas para combater o Estado Islâmico. Foto: DivulgaçãoCena de Uma Bandeira Sem País: cidadãos civis curdos pegam em armas para combater o Estado Islâmico. Foto: Divulgação

Uma Bandeira Sem País faz poesia com causa curda

(São Paulo, brpress) - Apesar do tema árido – a trajetória trágica dos curdos –, longa segue ritmo intenso e linguagem inovadora, portanto, longe do estereótipo daquele arrastado "filme iraniano". Veja na 40a. Mostra. Por Juliana Resende.

(São Paulo, brpress) – As credenciais do diretor curdo Bahman Ghobadi não enganam: ele foi assistente de Abbas Kiarostami e dirigiu Tempo de Embebedar Cavalos (2000, 24ª Mostra) e Exílio No Iraque (2002, 26ª Mostra), ambos vencedores do prêmio do Júri de Melhor Filme na Mostra; Tartarugas Podem Voar (2004), Prêmio do Público na 28ª Mostra; Half Moon (2006, 30ª Mostra) e Ninguém Sabe dos Gatos Persas (2009), Prêmio da Crítica na 33ª Mostra. Nesta 40a. Mostra Internacional de Cinema de SP, Ghobadi apresenta o emocionante Uma Bandeira Sem País (A Flag Without a Country, 2015, Iraque/Curdistão).

Apesar do tema árido – a trágica vida dos curdos –, o filme consegue ser poético e com um ritmo intenso ao lançar mão de uma linguagem inovadora, mesclando diversas referências de gêneros como documentário, ficção, drama, musical, guerra e aventura. Fica, portanto, longe do estereótipo daquele arrastado “filme iraniano”. Uma Bandeira sem País trata de uma questão complicada de forma simples, fazendo com que mesmo quem não tenha parca ideia da causa dos curdos entenda a urgência desse povo sofrido, antigo e interessante. São eles que mais sofrem com os atentados do Estado Islâmico, que muitos cidadãos comuns, como mostra o filme, pegam em armas para combater – uma loucura que reflete a coragem e irredentismo desse povo. 

Dupla dinâmica

A partir das vidas de dois personagens fortes, determinados e apaixonados – a cantora pop Helly Luv e o aviador Nariman –, Ghobadi mostra o cotidiano dos curdos em meio a campos de refugiados, memórias de bombardeios, ataques do ISIS e esforços de seguir vivendo, construindo um futuro em que a rica cultura curda não morra. Crianças têm um papel importante no filme – é extremamente emocionante vê-las cantando, estudando e brincando em condições totalmente adversas. 

Luv quer promover o Curdistão internacionalmente e, ao mesmo tempo, dar ao seu povo um ícone e um senso de comunidade. É poderosa e evoca, com toda sua energia árabe, ícones pop ocidentais como Beyoncé e Rihanna – a parte do vídeoclipe dela inserido no filme é sensacional. Nariman é um piloto que sofreu um acidente e que não pode mais voar. Em vez de ficar deprimido, ele dirige uma escola de aviação para crianças curdas e, com a ajuda delas, constrói um avião para o seu país. O avião é símbolo de prosperidade, movimentação e morte – já que é ele que joga as bombas letais.

Uma Bandeira Sem País é parte de uma seleção de filmes da 40a. Mostra que tratam de um dos temas mais atuais do mundo contemporâneo: conflitos e refugiados. Mais: são produções locais, como A Vida na Fronteira – também deBahman Ghobadi, que deu a oito crianças a oportunidade de usar uma câmera para contar suas próprias histórias sob as lonas dos campos de refugiados em Kobani e Shengal, na fronteira da Síria com o Iraque – onde o destino de milhares de pessoas se conecta. 

(Juliana Resende/brpress)

QUEM SÃO OS CURDOS?

Minoria étnica nativa do Curdistão, região sem território definido que abrange partes do Irã, Iraque, Síria, Turquia, Armênia e Geórgia, os curdos vivem espalhados pelo mundo e foram massacrados por Saddam Hussein noCurdistão iraquiano, uma região federal autônoma do Iraque e cuja capital é a cidade de Arbil,  administrada oficialmente pelo Governo Regional do Curdistão. A população curda no norte do Iraque foi estipulada em 5,5 milhões de pessoas, em 2015. Aproximadamente metade de todos os curdos vivem na Turquia, onde enfrentam muita discriminação e hostilidades. 

Assista ao trailer de Uma Bandeira Sem País (com legendas em inglês):

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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