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Emma Thompson no tapete vermelho de Sós em BerlimEmma Thompson no tapete vermelho de Sós em Berlim

Emma Thompson fala sobre nazismo e Europa

(Berlim, brpress) - Estrela do filme Sós em Berlim, sobre o tema, atriz inglesa comenta atualidades. Por Rui Martins.

(Berlim, brpress) – O filme Sós em Berlim é uma coprodução francesa-alemã-inglesa, dirigido pelo suíço filho de alemã, Vincent Perez, e a atriz principal é Emma Thompson, no papel de uma resistente contra o nazismo. Foi o suficiente para lotar a enorme sala, onde couberam mais de trezentos jornalistas, na qual o filme foi exibido no 66o. Festival Internacional de Cinema de Berlim.  

    Conhecida pelo seu passado de militante e mesmo sua preferência por filmes engajados, Emma Thompson não se espantou quando a primeira pergunta a ela, na entrevista coletiva do filme, não foi sobre cinema mas sobre atualidades. Veio de uma jornalista colombiana: “Qual é sua opinião sobre o movimento Pegida [sigla para Patriotische Europäer gegen die Islamisierung des Abendlandes, em alemão, ou Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente], de extrema-direita e contra refugiados, e sobre a posição do Reino Unido na questão dos refugiados?”

    Apanhada de surpresa, Emma Thompson passou a bola para o ator alemão Daniel Brühl (Adeus, Lênin!), que também está no elenco de Sós em Berlim. “Esse é um bom começo numa entrevista sobre um filme que trata de outra coisa…  Há uma boa resposta que poderá ser dada por Daniel, que mora na Alemanha, com quem falei esta manhã justamente sobre isso.  Eu vivo, numa espécie de Europa diferente mas não exatamente, um lugar úmido e chuvoso, uma ilha cheia de neblina e, enfim, uma ilha que dá a impressão de querer voltar as costas para os que precisam de ajuda, algo muito em voga atualmente…”.

    Rebobinando, outra pergunta de impacto  foi feita a Emma Thompson: “Conhecemos seu passado de lutas e tendo em vista que o filme é político e que a Europa está em crise, perguntamos e esperamos não desconversar desta vez, se votará para o Reino Unido continuar ou sair da União Europeia? Dessa vez, a famosa e respeitada atriz inglesa não deixou dúvida: “Eu me sinto pessoalmente bastante europeia, mesmo vivendo  na Escócia! É evidente que eu irei votar para que continuemos na Europa, sem dúvida! Seria uma loucura não votar assim. É uma ideia completamente maluca essa de sair da União Européia. É preciso se derrubar obstáculos e romper as fronteiras, em lugar de criar novas fronteiras.”

    A seguir, Emma Thompson fala de outras coisas interessantes como política, história e um fenômeno – mas antes de tudo um sentimento – que divide e une a Europa e os europeus: o nazismo.

Você viveu a rivalidade entre o Reino Unido e a Alemanha e a polarização pós-Segunda Guerra. Quais são suas lembranças? 
Emma Thompson – Nasci em 1959, ou seja, 14 anos depois do fim da Segunda Guerra. Vivi numa Inglaterra austera, me lembro do nossa primeira televisão, que devíamos recarregar a manivela, quando eu tinha sete anos. Éramos [o Reino Unido] sempre os bons e tínhamos combatido os nazistas. Mais tarde, descobri como muitos alemães se sentiam por ter sido dominados pelos nazistas, assim como populações dos países vizinhos.

Como foi sua preparação para Sós em Berlim?
ET – Para me preparar para o filme, tentei me colocar na mesma atmosfera daqueles que viviam na Berlim nessa época, no pós-guerra. A Rússia de Stálin não era muito diferente e o mesmo ocorreu com países dominados por regimes totalitários fascistas. O horror nesses países era de levar as pessoas a se espionarem. ‘Quem irá me denunciar?’, cada um devia se perguntar. ‘Qual dedo-duro vai me levar à polícia e por qual motivo?’.

Sobre resistência – e o tema do filme Sós em Berlim. Como esse casal consegue incomodar o regime nazista?
ET – O filme Sós em Berlim conta uma história verdadeira de um casal de trabalhadores que, após a morte do filho único na ocupação nazista da França, decide resistir ao regime cruel e violento mas num papel de formigas: escrevendo cartões postais denunciando Hitler e o nazismo e distribui-los pelos prédios de Berlim. Embora não soubessem, a quase totalidade dos cartões era levada imediatamente por delatores ao comissariado mais próximo, que procurava localizar de onde vinham os cartões. Só 18 cartões, de cerca de 300, não foram levados ao comissariado. Por essa ação, que de forma alguma ameaçava o regime nazista, o casal acabou sendo localizado e preso. Após processo, ambos foram condenados à morte.

Como essa história desse casal foi descoberta?
ET – Essa história foi localizada pelo importante escritor alemão Hans Fallada, nos arquivos dos processos movidos pelo regime nazista contra cidadãos alemães envolvidos em ações contra o governo. O diretor Vincent Perez destacou o fato de o casal ser gente do povo com forte determinação, correndo sérios riscos, numa época de delação institucionalizada.

(Rui Martins*/Especial para brpress)

(*) Jornalista está no Festival de Cinema de Berlim, de  10 a 21/02,  como convidado do evento  A cobertura será disponibilizada pela BR Press. Informações: [email protected] .

Leia mais sobre Sós em Berlim e assista ao trailer do filme aqui.

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