Helen Mirren é Hedda Hopper
(Londres, brpress) - Assim é Hedda Hopper, poderosa colunista de fofocas de Hollywood encarnada por Helen Mirren em Trumbo – campeão de indicações ao SAG Awards. Conversamos com a atriz. Por Juliana Resende.
(Londres, brpress) – Chapéus e muito sarcasmo. Este é o figurino de Helen Mirren no filme Trumbo – Lista Negra, um dos destaques do 59o. BFI London Film Festival e que estreia no Brasil nesta quinta (28/01). Talvez seja esse coquetel que tenha dado à veterana inglesa a indicação ao Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante – categoria na qual também concorre ao SAG (Screen Actors Guild) Awards 2016, com cerimônia de premiação neste sábado (30/01). Trumbo lidera o número de indicações no SAG: Melhor Elenco, Melhor Ator, para Bryan Cranston (que também concorre ao Oscar e ao BAFTA), e Melhor Atriz Coadjuvante (ela).
Helen Mirren abrilhantou a coletiva de imprensa e o tapete vermelho do filme em Londres, assim como o drama biográfico sobre o roteirista Dalton Trumbo, preso e banido de Hollywood por ser comunista, no anos 50. Segundo ela, a perseguição dos profissionais da indústria do cinema americano pelo governo dos EUA durante o Macartismo fez com que muitos fossem trabalhar no Reino Unido. “E isso foi realmente ótimo para nós”, diz, referindo-se carinhosamente à fuga de talentos de Long Beach para as margens do Tâmisa.
Helen Mirren acha Trumbo um filme importante por lembrar como uma onda de paranoia e perseguição política como a que ocorreu nos EUA, nos anos 50, é fácil de se repetir – ainda mais com o apoio da mídia. “Vocês, jornalistas, têm um papel muito importante”, chama na chincha. “Minha personagem alimenta essa paranoia no público e mostra como isso é perigoso”. Miss Mirren fala com a propriedade de ter vivido a poderosa colunista de fofocas Hedda Hopper (e dublê de atriz) em Trumbo. “Confesso que não sou daquelas que liga para o que dizem de mim, mas tenho receio de alguns comentários na internet – e medo de alguns jornalistas, não posso negar”, diz.
Tirando o chapéu
Para viver Hedda Hopper, Helen Mirren leu cartas de seus leitores e algumas de suas colunas, intituladas Hedda Hopper’s Hollywoodfor the Los Angeles Times. Em 1938, Hedda foi convidada a escrever para o jornal, no qual dava nomes de alguns supostos comunistas. Uma cobra. Helen Mirren encarna a venenosa senhora com uma coleção de chapéus deslumbrantes que ela diz ter adorado usar ao longo das filmagens. “Amo chapéus e uma das maiores tristezas da minha vida é o fato de as pessoas não usarem mais chapéus no dia-a-dia”. Chapéus – grandes e escandalosos – eram a marca registrada de Hopper.
Toda a caricatura de sua personagem não impede Helen Mirren de ter uma visão crítica dela e, perguntada se faria um filme que agredisse seus valores e ideias somente pelo dinheiro, a resposta dela foi um sonoro “não”. “Não poderia me envolver com um personagem pelo qual não pudesse me simpatizar e, assim, torná-lo humano”. Ela parece confortável na pele de Hedda Hopper, embora ressalte que nunca foi “uma grande fã de jornalismo de celebridades”. Se gostaria de ter a chance de conhecê-la? “Não, provavelmente ela me assustaria demais [risos]. Ela assustava demais até outros jornalistas”.
Assista ao trailer de Trumbo – Lista Negra: