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Rachel MwanzaRachel Mwanza

Melhor Atriz em Berlim viveu na rua

(Berlim, brpress) - Congolesa Rachel Mwanza é criança-soldado no filme Bruxa de Guerra e considera "milagre" ter conseguido virar atriz; veja lista de premiados no festival.

(Berlim, brpress) – O júri do Festival de Cinema de Berlim premiou como Melhor Atriz Rachel Mwanza, originária da República Democrática do Congo, por sua atuação no filme Bruxa de Guerra (Rebelle, Canadá, 2012), como criança-soldado – prática bárbara e comum nas guerrilhas da África.

    A história dramática do filme se confunde com a da própria vida da atriz, – que foi rejeitada pela mãe e mais tarde pela avó, vivendo nas ruas quando adolescente, antes de ser resgatada por organização humanitária, quando foi alfabetizada. “Para poder subsistir, ela teve de lutar muito contra seu contexto familiar”, disse o diretor Kim Nguyen.

    Rachel Mwanza, presente em Berlim, contou sua história de menina de rua, de como sua avó a criou com seus quatro irmãos, vendendo amendoins e amêndoas. “Quando crescemos, um dia a avó nos disse: os grandes têm que ir embora ganhar a vida. Fui viver em um abrigo, mas ali as condições de vida também eram muito hostis”.

    Ela contou que tem um irmão chamado Che Guevara, que ela trabalhou antes em um documentário, e foi escolhida “milagrosamente” por Kim Nguyen para fazer o papel de Komona.”Minha família são as pessoas que estão sentadas nesta mesa”, disse, referindo-se a Nguyen e aos produtores do filme.

Barbárie

Komona, interpretada por Rachel Mwanza, é uma menina de 12 anos que vive tranquilamente em seu povoado, com seus pais, quando, um dia, os rebeldes chegam e a capturam. Antes de levá-la, a obrigam a matar seus pais com um fuzil, não deixando  alternativa, pois o comandante miliciano diz que ele os matará com um machete “e sofrerão mais”.

No acampamento dos rebeldes, Komona sofre um desumano treinamento, sem poder chorar (mas o faz às escondidas). Antes dos combates que mais se assemelham a carnificinas, os comandantes drogam as crianças milicianas com substâncias vegetais. Em um dos ataques aos milicianos, a única sobrevivente é Komona, que, desta forma, ganha a fama de ser “uma bruxa”.

Komona chega a se apaixonar por um jovem miliciano albino, apelidado de “o mago”, de quem fica grávida. Ela vê os pais em pesadelos, pedindo para que retorne ao seu povoado para enterrá-los.

War lords

    Bruxa de Guerra mostra uma realidade brutal: a rotina das crianças-soldado nos sangrentos conflitos africanos e os métodos utilizados para sua brutalização pelos capandas dos chamados “war lords”, como foi Charles Taylor, na Libéria. “Mostro essa realidade pela ótica de uma adolescente”, disse Nguyen.

“Com o dinheiro do filme procuramos também ajudar Rachel. Mas não é fácil. Ainda hoje ela precisa reunir o máximo de força e tenacidade para adquir independência”, continua. Para Rachel, o fato de ela ter sido indicada por um produtor que já trabalhara com seu irmão para protagonizar Bruxa de Guerra “foi uma espécie de milagre”.

Para o diretor, fazer Bruxa de Guerra foi uma missão, que incluiu conhecer de perto a realidade das crianças-soldado no Burundi e com trabalhadores humanitários que passam muito tempo vivendo na África. “Uma coisa terrível é que as crianças milicianas estupradas são repudiadas quando retornam aos seus povoados. Algumas querem ficar nas milícias, pois passam a ser as únicas pessoas que elas têm”, disse.

“Levei dez anos para realizar este projeto, um longo tempo para aceitar a dureza do tema e, sobretudo, para convencer as pessoas, os produtores a fazer este filme”,  finaliza Kim Nguyen.

(Colaborou Rui Martins/Especial para brpress)

Foram os seguintes os premios concedidos pelo júri do Festival de Cinema de Berlim:

Urso de Ouro (Melhor Filme)
Cesare Deve Morire, de Paulo e Vittorio Taviani

Urso de Prata (Prêmio do Grande Júri)
Just the Wind, de Bence Fliegauf

Melhor realizador (diretor)
Christian Petzold, com o filme Barbara

Melhor atriz
Rachel Mwanza, no filme Bruxa de Guerra

Melhor ator
Mikkel Boe Fosgaard, no filme A Royal Affair, de Nikolaj Arcel

Melhor roteiro
Nikolaj Arcel e Rasmus Heisterberg por A Royal Affair

Melhor contribuição artística
Lutz Reitemeier pela fotografia em White Deer Plain, de Wang Quan´an

Prêmio Alfred Bauer (filme inovador)
Tabu, de Miguel Gomes

Menção Honrosa
L’Enfant d’En Haut  (Sister), de Ursula Meier

Melhor curta-metragem – Urso de Ouro
Rafa, de João Salaviza

Prêmio do Júri – Urso de Prata
Gurehto Rabitto, de Atsushi Wada

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