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Furo no orçamento vem de gastos que buscam atender aos desejos adolescentes.dichavador.files.wordpress.comFuro no orçamento vem de gastos que buscam atender aos desejos adolescentes.dichavador.files.wordpress.com

Adolescentes aumentam gastos

(brpress) – Estudo sobre hábitos de jovens brasileiros aponta despesas com roupa, internet e comer fora como vilões do orçamento. Gabriel Bonis ouve psicólogo a respeito.

(brpress) – Os desejos de consumo dos adolescentes estão levando famílias brasileiras ao endividamento. É o que aponta o estudo da Kantar Worldpanel, maior empresa de pesquisas de consumo domiciliar da América Latina. Os dados revelam que nos lares com jovens entre 12 e 19 anos, os gastos estão, em média, 5% acima dos ganhos por mês. Famílias sem jovens na composição conseguem poupar justamente 5% da receita mensal.  
  
O furo no orçamento vem de gastos que buscam atender aos desejos adolescentes, como vestuário (43% maior que em lares sem jovens), telefone, uso intensivo de internet e outros meios de comunicação – item que apresenta despesas 9% mais altas que os demais domicílios do país com os mesmo serviços.  Além disso, alimentação e entretenimento fora do lar resultam em gastos 10% superiores nestes itens, em comparação às famílias sem pessoas desta faixa etária. 

Consumismo coletivo

Segundo o mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP Antônio Carlos Amador Pereira, a indústria explora o fato de o adolescente passar por pressões para aceitação social e por precisar se adequar ao estilo (roupas, maquiagem, sapatos) das pessoas com as quais quer interagir. “Existe uma série de produtos voltados para esse público, pois se sabe que se o grupo usar, todos usam”, diz Pereira.

 “A sociedade moderna é consumista e o jovem é um consumidor em potencial – há um apelo muito grande em relação ao consumo por parte deles. Então muitas vezes os pais cedem a esses fatores, sobrecarregando o orçamento”, continua .  

Representatividade

 O estudo é baseado em um painel contínuo do largo consumo no Brasil, que analisa 8.200 domicílios em todo país, divididos por classes sociais e considerando a proporção populacional das regiões, com acompanhamento semanal. Quando todos os indivíduos das residências participantes são solicitados a responder o questionário, o quadro de participantes chega a 24 mil pessoas.

 A pesquisa com todos os integrantes das residências é feito anualmente e representa 81% por cento da população brasileira, pois exclui as cidades com população menor que 10 mil habitantes por não terem tanto poder se consumo.  Além disso, a pesquisa corresponde a 91% do potencial de consumo das pessoas no país. 

 O acompanhamento semanal leva em conta gastos com limpeza, higiene alimentos e bebidas. Anualmente considera também roupas, alimentação fora do lar, impostos, moradia, lazer.
Descontrolados
 
 As classes AB têm as maiores despesas com os filhos na fase da puberdade e início da vida adulta. Neste estrato, as famílias gastam, em média, 8% a mais do que ganham. A pesquisa revelou também que os adolescentes das classes AB são os mais descontrolados com o orçamento, chegando a gastar 14% mais do que dispõem (mesada, salário ou outros rendimentos).

 Para Pereira, isto pode ser explicado pelo fato de os pais terem dificuldades para impor limites. “É preciso controlar os gastos e fazer com que as pessoas tenham responsabilidades. Isso faz parte da educação e é tarefa dos pais. O jovem precisa aprender a lidar com suas finanças mesmo que a família tenha recursos”. 
 
 Poupadores

 Por outro lado, jovens de classes mais pobres administram melhor os recursos que recebem da família ou de ganhos pessoais no mercado de trabalho. Os integrantes da classe C chegam a economizar 32% dos rendimentos. Enquanto os adolescentes das classes D e E poupam cerca de 48%.

 “Porém, de acordo com Pereira, o ato de poupar não significa necessariamente reservar dinheiro para outros fins. “É muito comum guardar para poder consumir – às vezes, um jovem poupa o salário e fica sem comer para comprar um tênis de marca. Muitos podem ter uma noção diferente de poupança, mas na maioria das vezes esta é para consumo”, afirma.
Aparência

 A preocupação com a aparência fica em primeiro lugar, atraindo 23% dos gastos individuais dos adolescentes para roupas. Em seguida aparecem educação (19%), alimentação fora do lar e transporte público, com 12% do total cada.
 
 Em média, os jovens gastam por ano R$ 308,00 com lazer – sendo que deste valor, 27% são utilizados em compras ou alugueis de CDs, DVDs e games, 19% com cinema, baladas e shows ficam com 11%, parques temáticos e artigos esportivos com 8% cada.  O detalhamento dos serviços e produtos é obtido através de questionários, nos quais os jovens respondem a com o que costumam gastar.
  
Conectados
  
 O computador está presente em 32% dos domicílios com jovens, índice 10% maior que os demais lares do país. A internet está presente em 26% dos lares com jovens – dos quais 31% possuem banda larga, contra 19% das famílias sem adolescentes (22% têm internet rápida). 

 De acordo com a pesquisa, 88% dos indivíduos de 14 a 18 anos possuem telefone celular no Brasil. Além disso, 80% dos jovens utilizam o serviço de SMS (mensagens de texto).

 Para o psicólogo, os adolescentes preferem ficar em grupos da mesma faixa etária, que estão passando pelas mesmas transformações, e o celular é um facilitador da comunicação, já que podem ir a qualquer lugar mantendo contato com outros grupos. ”Além disso, uma porção de recursos foram introduzidos nos aparelhos – o que acabou gerando necessidades como máquina fotográfica e gravador. Tudo isso cria uma espécie de brinquedo, que é atrativo não só para adolescentes mas para adultos também – vira objeto do desejo”, diz.
 
‘Textando’

 Em relação às mensagens de texto, a praticidade e discrição são os aspectos de maior destaque para a adesão dos jovens a esta forma de comunicação. “Geralmente nas escolas o uso do celular é proibido, mas os jovens conseguem enviar mensagens sem problemas, devido à discrição do serviço”, afirma Pereira. “É uma mensagem que vai direto para o outro e volta. Lembra e-mail, internet – algo que os jovens gostam muito, além de ser rápido porque utilizam códigos”, completa. 

Demografia e renda
  
 As famílias com presença de jovens (idade entre 12 e 19 anos) representam hoje 36% dos domicílios do país, o correspondente a 16,2 milhões de lares, nos quais a renda domiciliar é, em média, 6% superior à renda de uma família sem adolescentes e os gastos médios 19% superiores (R$ 48 bilhões) – o que as torna um nicho de mercado extremamente atrativo. 

 Segundo a pesquisa, a renda mensal média para cada membro de uma família com jovens é de R$ 218,00 – valor que considera também os ganhos pessoais dos adolescentes no mercado de trabalho. O gasto médio é de R$ 196,00. Apesar de o valor ser menor que a arrecadação, essas famílias estão endividadas devido à forte contribuição dos pais na composição da renda dos adolescentes (principalmente nas classes A e B).

 As regiões Norte e Nordeste – que possuem a maioria dos domicílios com presença de jovens no Brasil (32%) – contam com renda individual de R$145,00 por mês, 33% menor que a média nacional. 
Na Grande São Paulo, os lares com jovens na composição representam 13% do total, refletindo ganhos individuais de R$ 298,00 – número 37% superior ao resto do país.

 A região Sul apresenta 15% dos domicílios com indivíduos da mesma faixa etária e renda de R$ 281,00 por pessoa. Já o Centro-Oeste responde por 8% dos lares com adolescentes e R$ 266,00. 
  
 A região Sudeste – excluindo São Paulo – tem 14% dos lares com jovens na composição. A renda individual mensal dessa parte do país é de R$ 233,00. Porém, o Grande Rio – que apresenta 7% dos domicílios com adolescentes – soma R$ 185,00 por pessoa. 

(Gabriel Bonis/Especial para brpress)

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