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Will Self: presença internacional no Humber Mouth Literature Festival. Foto: Chris Close/DivulgaçãoWill Self: presença internacional no Humber Mouth Literature Festival. Foto: Chris Close/Divulgação

Hull apresenta quarta fase de programa cultural ambicioso

(Hull, brpress) - Tudo lembra arte em Hull, a Cidade da Cultura do Reino Unido em 2017, que lançou a quarta fase do ambicioso programa, Tell the World, acontecendo de setembro a dezembro. Fomos conferir. Por Juliana Resende.

(Hull, brpress) – Não, ninguém esperava pelo sol. Aqui na ilha, quando ele brilha é lucro. Mas seus raios surgiram fortes, inclementes no céu torneado pelo pontudo The Deep, novo aquário de Hull, cuja arquitetura lembra o Titanic (com direito à proa perfeita para fazer um selfie estilo Leo e Kate ao vento, cena icônica do filme). Tudo lembra arte em Hull, a Cidade da Cultura do Reino Unido em 2017 , que lançou a quarta fase do ambicioso programa, Tell the World (“Conte ao Mundo”), acontecendo de setembro a dezembro.

  A cidade, que tem laços umbilicais com a indústria pesqueira  britânica (antes de ela entrar em decadência, nos anos 70), e já foi um dos maiores entrepostos baleeiros do mundo, durante a revolução industrial, recebeu um banho de loja (leia-se reforma de prédios históricos e repaginada de lugares icônicos) como parte do programa cultural do governo que,  a cada quatro anos elege uma cidade para ser palco de centenas de espetáculos e projetos artísticos. As atividades são comissionadas pelo Department for Culture, Media and Sports (o equivalente britânico ao Ministério da Cultura brasileiro) com o objetivo de destacar a cidade no roteiro turístico, cultural e econômico. 

Um up

Por isso, Derry (Londonderry, nome oficial), a segunda cidade da Irlanda do Norte, foi escolhida como a primeira UK City of Culture, em 2013. Para cidade, além da injeção de ânimo e de capital, é uma oportunidade contar sua história e deixar seu legado. A pequena Hull chegou até aqui com um programa que precisaria de um livro para descrever sua robustez e abrangência, bem como relevância, dada a qualidade dos artistas e dos espetáculos, exposições, festivais e intervenções artísticas. 

Todas as artes estão representadas ocupando os mais diversos locais da cidade, envolvendo a comunidade, escolas, universidades, negócios e artistas locais e de fora. A coisa funciona como um catalisador. Segundo pesquisa realizada pela Universidade de Hull em junho deste ano revelou que 9 entre 10 residentes participaram de alguma atividade durante, direta ou indiretamente, e 70% deles aprovam o programa (a cidade, de 250 mil habitantes, é pacata, sem vida e tudo fecha cedo – talvez seja por isso). É difícil imaginar Hull tendo recebido, segundo a pesquisa, mais de 1.4 milhões de visitantes durante a primeira fase do programa – um aumento de 500% em relação ao ano anterior. 

Maré boa

  Como o mar é parte inseparável da história de Hull, muitos trabalhos têm o oceano e a vida dos pescadores como tema. Entre eles, destacam-se as fotografias de Alec Gill, retratando os Hessle Roaders, comunidade pesqueira que viveu glórias e tragédias relacionadas aos barcos pesqueiros (conhecidos como trawlers). A icônica agência Magnum se juntou ao fotógrafo Martin Parr (leia mais sobre ele aqui) para retratar peculiaridades da cidade, na mostra Hull: Portrait of a City. 

As artes visuais têm especial glamour na programação, com o Turner, prêmio de artes mais prestigioso do Reino Unido, acontecendo em Hull este ano. E pinturas raras de baleias do mesmo JW Turner serão emprestadas pela Tate ao Maritime Museum. No teatro, a peça The Last Testament of Lillian Bilocca, de Maxine Peake, vai contar a história heróica de uma das muitas mulheres que, após a morte do marido no mar, vai lutar por uma vida mais digna. “É sobre a desigualdade social e a política que temos em curso ainda hoje”, diz Peake. 

Mareados

Política, especialmente a importância da política cultural, foi tema do discurso inflamado e rouco (no final, quase irrompido em choro) do diretor do programa Hull UK City of Culture 2017, Martin Green. “Num momento em que governos cortam tudo e mais um pouco, entregamos um programa cultural para ficar na história”, orgulha-se. “Agora que já reviramos nosso passado, queremos saber do futuro, da nossa capacidade de reinvenção e descobertas”.

Misturando talentos locais como o comediante, ator e escritor Reece Shearsmith (The League of Gentlemen, Psycoville e Inside Number 9), com internacionais, como o escritor e ativista Will Self (Humber Mouth Literature Festival, de 02 a 08/10), Hull busca reflexões radicais para questões marcantes tanto na sua história como na da humanidade. Assim é com o Ato Anti-Escravidão (Slavery Abolition Act, que aboliu o trabalho e o tráfico de escravos no e com participação do império britânico), tema do Freedom Festival (01 a 03/09). Flood, da cia. Slung Low, continua sua paródia dos nossos tempos com New World – só que o mundo virou mar, inundado por barcos infláveis lotados de gente sem ter onde atracar.  

Alô, é 2097? 

Se o futuro parece muito cataclismático, que tal um pouco de ficção científica? Em outubro, a cia Blast Theory vai transformar Hull meio que num cenário de Dr. Who. Dia 01/10, os telefones de TODAS as cabines vermelhas – um símbolo da Grã-Bretanha que ainda insiste em resistir na era da telefonia móvel – vão tocar ao mesmo tempo. Quem atender, vai se comunicar com alguém que está no ano de 2097. Esse é o mote de We Made Ourselves Over, série de happenings tecnológicos que vão unir Hull e Aarhus, a Cidade da Cultura Europeia 2017 (Dinamarca), resultando na cidade fictícia híbrida de Aarhull. 

(Juliana Resende/brpress, viajou a Hull a convite da Visit Britain e da Visit Hull and East Yorkshire.

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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