
Candoco ilimitado
Doze bailarinos de três nacionalidades – incluindo o Brasil – se despedem das Paralimpíadas abraçando as diferenças no palco.
(Londres, brpress) – Assim foi Candoco Unlimited, um espectáculo de dança que reuniu no palco de Southbank bailarinos com e sem deficiencia, originários de países com passaporte olímpico – China, Reino Unido e Brasil –, em mais uma arrojada atraçãodo London 2012 Festival. Candoco já é conhecido como sinônimo de dança e de diferença. A companhia de Londres trabalha com o conceito de dança inclusiva, integrando bailarinos profissionais com e sem necessidades especiais. Brasileiros O Brasil foi representado por dois bailarinos, mas não só. Um dos diretores artisticos da Companhia Candoco, Pedro Machado é também brasileiro.
Pergunto como se pode defenir ‘o’ bailarino brasileiro. Ele diz que, “sem generalizações, penso que é mais passional, muito emotivo e gosta de arriscar. Além disso tem senso de humor o que ajuda a quebrar muitas barreiras”. As barreiras não são poucas. O diretor artistico brasileiro realçou a necessidade de haver mais apoio para quem quer ser bailarino. “A dança é sempre difícil, mas quando se possui algum tipo de deficiência, a exigência fisica é muito maior. Aguentar o treino e lidar com todas as dificuldade do dia-a-dia”.
O espetáculo foi patrocinado pela Embaixada do Brasil em Londres. Mas Pedro Machado diz que busca agora apoio para levar o espectáculo para o outro lado do Atlântico. “Se houver financiamento, claro que vamos. Queremos ir para o Brasil.”
Desafiador
Para o Candoco, no contexto da Olímpiada Cultural e em Jogos Paralímpicos, o objetivo do espetáculo era desafiar todas as barreiras, físicas e mentais. Pela primeira vez na história, não só metade dos bailarinos eram portadores de algum tipo de deficiência, como também os coreógrafos – a multidisciplinar escocesa Claire Cunningham e Marc Brew. bailarino cadeirante com formação clássica. Ambos coreografaram peças individuais:Parallel Lines e 12.
Em conversa após o espectáculo, Claire confessou que toda a sua obra é necessariamente autobiográfica: “As muletas são centrais nos meus espectáculos. Tinha que as usar, mas queria que fizesse sentido, alguns bailarinos não precisariam delas, por isso criei o conceito de ‘muleta emocional’.” Ao longo de cerca de 40 minutos, o público é provocado e confrontado com uma série de episódios de manipulação e controle exercido através de várias muletas.
A alusão a relacionamentos e jogos de poder é evidente.
“Fiquei surpreendida com a abertura e a total confiança que os bailarinos mostraram. Sem medo de nada”, acrescentou Cunnigham.
As ‘linhas paralelas’ de Marc Brew aludem à ideia física de limite mas também de guia. Os bailarinos circulam e interagem com as linhas, os movimentos libertam o corpo, com leveza e total harmonia.
(Helena Alves, especial para brpress)
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