Acesse nosso conteúdo

Populate the side area with widgets, images, and more. Easily add social icons linking to your social media pages and make sure that they are always just one click away.

@2016 brpress, Todos os direitos reservados.

Tribalistas: música em vídeo da prefeitura de SP é uso indevido agravado por suposto endosso a posição política. Foto: DivulgaçãoTribalistas: música em vídeo da prefeitura de SP é uso indevido agravado por suposto endosso a posição política. Foto: Divulgação

Dória fez ‘uso indevido’ de música dos Tribalistas, diz advogada

(São Paulo, brpress) - Especialista em Direitos Autorais, Sonia D’Elboux é clara: “Não pode ser feito sem autorização dos autores, intérpretes e titulares do fonograma”.

(São Paulo, brpress) – O caso do uso da música Ainda Bem, dos Trabalhistas, num vídeo institucional da prefeitura de São Paulo, mesmo que involuntário e não intencional, como alega o prefeito João Dória Jr. (PSDB),  “não pode ser feito sem autorização dos autores, intérpretes e titulares do fonograma”, informa a advogada Sonia Maria D’Elboux, especialista em Direitos Autorais e Expressões Culturais Tradicionais (ECTs),  responsável, entre outros, pelos licenciamentos relativos de Maria Bonita e Lampião.

O prefeito João Dória alega, por meio da Secretaria de Comunicação, que a música estava sendo executada ao fundo durante as gravações na inauguração de um campo de futebol no Parque Ibirapuera, reformado pela Nike, e que por sequer ter percebido que a música estava tocando ao fundo considera que nada seja devido aos autores. “Não importa: usou indevidamente”, afirma D’Elboux.

Contradições 

Arnaldo Antunes diz que, apesar da solicitação dos autores, a prefeitura não ter retirou o vídeo das redes sociais da prefeitura e pessoais do prefeito. João Dória afirma em vídeo-resposta nas redes sociais, após o caso ter vindo à tona, que foi ele quem pediu para que o vídeo fosse despublicado.  

O vídeo foi publicado dia 21/08, mas o caso só veio a público dia 29/11, após um post de Arnaldo Antunes no Facebook relatando que os Tribalistas foram “surpreendidos ”. O grupo e as editoras do fonograma SonyATV e Universal Music Publishing teriam pedido R$ 300 mil pela utilização, já que a prefeitura não tirou o vídeo do ar mesmo após duas notificações. 

‘Descaso’, diz Antunes; ‘Absurdo’, diz advogada

“Fomos atendidos pelo Facebook e Instagram, mas o vídeo ainda podia ser acessado no canal oficial do prefeito no Twitter e no YouTube, atestando o seu descaso com os criadores, em uma atitude consciente e deliberada de perpetuação da infração”, descreve Antunes. 

“… Nunca permitimos o uso de nenhuma de nossas canções para fins políticos. Queremos deixar claro que a nossa motivação jamais foi financeira, e sim educativa. Enquanto autores e artistas, esperamos respeito à Lei de Direitos Autorais.”, continua em texto assinado por ele e a cantora e compositora Marisa Monte,

Para Sonia Maria D’Elboux, uma pergunta não quer calar: “Só não sei o que estão esperando para entrar com uma ação judicial. Absurdo total!”. O parecer da advogada é respaldado pela Lei de Direitos Autorais, que determina que a inclusão de obras em produção audiovisual “depende de autorização prévia e expressa do autor”. 

A legislação também veta o uso de obras sem autorização “em locais de frequência coletiva, por quaisquer processos, inclusive a radiofusão ou transmissão por qualquer modalidade”.

‘Som de fundo’

Segundo a Prefeitura de São Paulo, “em nenhum momento o prefeito João Doria fez uso de qualquer canção de forma indevida. Assim, não cabe cobrança de direitos autorais sobre uma musica que apenas vazou para o vídeo, já que era um som de fundo.” 

Outros especialistas também contestaram a alegação da prefeitura de que não há infração. O prefeito compara: “É como se você tivesse gravado um vídeo no seu carro com o rádio ligado e, ao postar nas redes sociais, alguém vem e quer cobrar de você o uso de uma música que você não utilizou”. 

‘Endosso a posição política’

“A explicação e a comparação não podiam ser mais infelizes… Em primeiríssimo lugar, a execução pública de música (como é o caso de música tocada em evento em campo de futebol) já demanda recolhimento de direitos autorais ao ECAD”, explica D’Elboux. 

“Em segundo lugar – e muito mais importante –, a inserção (proposital ou não) de música em vídeo do prefeito de São Paulo, divulgando (em redes sociais) uma obra feita em sua gestão, é uma utilização de obra intelectual com cunho político, o que, independentemente de qualquer pagamento, jamais pode acontecer sem autorização expressa dos autores e titulares de direitos conexos (gravadora, intérpretes e executantes), pois implica num endosso a determinada posição política.”

A advogada continua: “A comparação com o cidadão comum, que grava vídeo em estádio de futebol, não tem lógica alguma. O vídeo do prefeito de São Paulo, que faz marketing nas redes sociais desde o primeiro dia de sua gestão, teve  mais de 100 mil visualizações e, o que é mais grave, tem cunho político, ofendendo as convicções pessoais de autores e titulares da obra intelectual.”

Leia também os comentários de Sonia D’Elboux sobre suposta apropriação cultural pela estilista Stella McCartney aqui e sobre questão abordando o mesmo tema relacionando Maria Bonita e Zuzu Angel no Enem 2017 aqui.

Cadastre-se para comentar e ganhe 6 dias de acesso grátis!
CADASTRAR
Translate