Coquetel Ron Paul
(Londres, brpress) – Candidato republicano une conservadorismo social e religioso com ultraliberalismo econômico, defendendo a venda e o consumo de várias drogas. Por Isaac Bigio.
Isaac Bigio*/Especial para brpress
(Londres, brpress) – Na corrida pela nomeação republicana nos EUA há quatro candidatos, ainda que um deles, mesmo sabendo que não tem muitas chances de ganhar, está empenhado em seguir até o final da disputa. É Ron Paul, o aspirante republicano com mais idade e prévias competências em prol da Casa Branca, que se apresenta como a consciência libertária de sua nação.
O programa de Paul é como um rum (‘ron’, em espanhol) misturado a vários outros ingredientes. Neste coquetel há uma combinação de conservadorismo social e religioso com um ultraliberalismo econômico, e de pacifismo com isolacionismo.
Ele é totalmente contra o aborto e o controle de armas e também questiona a separação entre Estado e religião, o que lhe garante tantas simpatias entre os conservadores protestantes, que vêem nele o único correligionário frente a dois católicos e um mórmon que disputam a candidatura republicana.
Maconha
No entanto, Paul, ao mesmo tempo, defende a venda e o consumo de várias drogas (inclusive a maconha). À direta dura do republicanismo agradam seus planos para baixar os impostos e regulamentações (incluindo as que protegem o meio ambiente, algo que ele considera “uma farsa”) e, no que se refere à imigração – é contra qualquer anistia aos ilegais e aos intentos de Obama de incluí-los na seguridade pública gratuita.
No entanto, os novos conservadores não compartilham sua oposição aos Tratados de Livre Comércio,à Organização Mundial do Comércio e às Nações Unidas.
Livre mercado
O candidato é um partidário da escola econômica austríaca de Hayek, que defende o pleno poder ao livre mercado como instrumento para reduzir os preços e as disparidades sociais e econômicas.
Paul é um herdeiro do isolacionismo que nunca se extinguiu nos EUA. Por isso, ele se opõe à maior parte das guerras (como a do Iraque) e pede que seu país se retire da ONU e das bases militares que tem em mais de 50 países.
Sua filosofia se resume em reduzir o Estado à sua mínima expressão, tornando-o responsável quase exclusivamente em prover segurança e administrar a justiça. Por isso, defende que a economia seja totalmente privatizada e sem interferência pública, inclusive a ponto de ser contra o Banco Federal e o monopólio do dólar.
Até o momento, Paul não ganhou nenhuma das internas republicanas, mas ficou em segundo ou terceiro lugar na maioria delas e soube desenvolver um forte aparato. Enquanto seus concorrentes pouco o atacam, dedicando a insultarem-se entre eles, Paul espera que esta “luta de cantina” o ajude e a seus partidários a definir a fórmula final do republicanismo.