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Obama liquida Osama. E agora?

(brpress) - Ação fulminante gera euforia imediata, mas também medo, alerta e incertezas no mercado, em governos e na opinião pública. Por Sérgio Corrêa Vaz.

(brpress) – “Matar ou capturar Osama Bin Laden”. Essa foi a ordem curta e grossa de Barack Hussein Obama II para o chefe da CIA, Leon Panetta, logo após sua posse em 20 de janeiro de 2009. No final da noite de domingo, dia 1º. de maio, os lances finais da ação no Paquistão foram acompanhados por Obama em tempo real, em telão na Situation Room (Sala de Situação), ladeado por Hillary Clinton e equipe.

“Os minutos pareciam demorar horas”, declarou John Brennan, conselheiro de Segurança Nacional. “Obama, Um; Osama, Zero”. Estes foram os dizeres em um cartaz improvisado de papelão, por um dos manifestantes eufóricos, no meio da multidão que tomou conta do centro de Nova York e que comemorou a morte do responsável maior pelos ataques no Marco Zero, o espaço aberto onde estavam as Torres Gêmeas.

De leste a oeste, as principais cidades dos Estados Unidos foram tomadas por manifestações eufóricas. De forma sóbria, mas positiva, os governos ocidentais – mesmo os envolvidos nas guerras do Afeganistão e do Iraque, que se seguiram aos atentados – endossaram a ação da qual sequer foram previamente informados.

Vitória imediata; incertezas a prazo

O governo dos EUA emitiu um alerta ao mundo sobre uma eventual retaliação. Diversos países ocidentais e do Oriente Médio incrementaram medidas de seguranças em aeroportos, estações de trem, quartéis e embaixadas.

Na segunda-feira (02/05), o mercado reagiu com um misto de perplexidade e oscilação face às notícias, que pipocavam na internet, tevês, rádios e jornais. No primeiro dia após o anúncio da morte de Bin Laden, as bolsas mundiais subiram, mas o preço do petróleo – principal commodity e sinalizador do mercado mundial – oscilou sem rumo certo e fechou em baixa.

As ações nas principais bolsas mundiais subiram e o petróleo negociado em Nova York recuou para US$ 112,68. Mas tudo indica que as oscilações no preço do petróleo não passam de uma pequena tempestade de verão. Embora o preço negociado tenha caído novamente na terça, os analistas de mercado não atribuíram a queda ao fator Bin Laden.

Em contraposição aos esforços de George W. Bush, que incrementou a guerra do Afeganistão e lançou a do Iraque, os de Obama foram pontuais. Duas dúzias de militares norte-americanos e um agente da CIA em quatro helicópteros realizaram a “tarefa” no Paquistão.

Mortos

Dadas as circunstâncias, o saldo em mortos foi relativamente pequeno. Além do próprio Bin Laden, dois membros de sua equipe, um de seus filhos e até uma mulher da família. Apesar da (genuína) alegria manifestada pelos norte-americanos, em especial nova-iorquinos, a incerteza e medo rondam capitais em todo o mundo.

A morte de Bin Laden é um trunfo imediato de Barack Obama, no plano interno e externo – além de valiosa moeda eleitoral –, mas não retira do cenário mundial, as incertezas e o medo que, de alguma forma, os seguidores da Al-Qaeda (A Base) consigam alguma retaliação de vulto no curto ou longo prazo.

Osama Bin Laden tornou-se um ícone que estaria afastado da linha de frente da organização de atentados ou de ações militares contra as forças norte-americanas e ocidentais no Oriente Médio. Apesar de sua plácida aparência, o médico Ayman Al-Zawahiri, nascido no Egito, e reconhecido como o segundo na hierarquia da Al-Qaeda, seria partidário de métodos ainda mais violentos e seria o atual articulador das ações da organização.

Franquia de terror

A organização virou uma franquia de terror que age por meio de células descentralizadas e discretas em dezenas de países. Embora a trajetória da Al-Qaeda seja hoje declinante, nem os analistas concordam entre si se ela ainda conta com militantes, recursos e disposição para ações de grande impacto.

De imediato, a ação ordenada e bem sucedida determinada por Obama provoca mudanças no tabuleiro político e eleitoral dos EUA, onde o presidente vinha sendo acusado de fraco e indeciso frente aos desafios da declinante hegemonia norte-americana.

A vitória deixa o Partido Republicano e os ultraconservadores do Tea Party provisoriamente na defensiva, e faz com que Obama ganhe pontos na corrida sucessória de 2012. A aprovação de Obama pulou de 46% apurada no começo de abril para 57% no dia 3 de maio, segundo levantamento do jornal New York Times e da CBS.

No Oriente Médio, embora a Al-Qaeda estivesse à margem das mobilizações por democracia e emprego, a morte de seu principal mentor não deixará de afetar – para melhor, espera-se – o complexo xadrez político. O dominó ainda sem desfecho de revoltas nos países árabes vem colocando em cheque ditaduras longevas, que até recentemente tinham o sólido apoio das democracias ocidentais.

Mesmo analistas gabaritados não esperavam mudanças com a velocidade detectada na geopolítica árabe.

Fim de um ciclo?

A morte do ícone terrorista talvez consiga fechar um ciclo iniciado com os quatro atentados do fatídico dia 11 de setembro. O ataque de dois aviões às Torres Gêmeas, a derrubada de um avião sobre o Pentágono e o seqüestro e derrubada de um avião culminaram na morte de 2.996 pessoas (em números oficiais), naquele que foi o mais avassalador e traumático atentado da história dos Estados Unidos.

George W. Bush incrementou a guerra do Afeganistão e iniciou outra contra o Iraque, em retaliação aos atentados.Estima-se que o governo norte-americano tenha gasto na guerra do Iraque valores superiores a um trilhão de dólares. E o custo humano foi alto. Teriam morrido mais de meio milhão de civis (650 mil mortos, segundo estudo da prestigiada revista The Lancet).

A derrubada da então sólida ditadura de Saddam Hussein mergulhou o Iraque numa desorganização sem precedentes, que mal começa a se recuperar. No Afeganistão, a guerra continua. Mesmo sem a participação direta de Bin Landen, os Estados Unidos estão mergulhados há uma década na areia movediça de um conflito sem fim à vista.

(Sérgio Corrêa Vaz/Especial para brpress)

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