Republicanos e Conservadores
(Londres, brpress) - Partido Republicano norte-americano é mais poderoso mas segue ainda mais conservador que o próprio Partido Conservador inglês, que governou o mundo por mais tempo. Por Issac Bigio.
Issac Bigio*/Especial para brpress
(Londres, brpress) – Supõe-se que as direitas anglo-saxônicas do Reino Unido e dos EUA sempre se inter-relacionem e se apoiem mutuamente. A última vez em que ambas estiveram juntas no poder, dos dois lados do Atlântico, foi de 1981 a 1993, quando as administrações de Reagan e Bush-pai conviveram com as de Thatcher e Major.
Desta vez, no entanto, o partido conservador mais antigo e que mais tempo governou constitucionalmente no mundo (os “tories”, como são chamados os Conservadores) e o mais poderoso do globo (o Republicano norte-americano) têm mais desencontros que antes.
Gays
Treze anos após ter tido que confrontar o governo trabalhista mais duradouro (o de 1997-2010), os tories começaram a recuperar-se quando, em 2008, ganharam, pela primeira vez em sua história, a prefeitura de Londres. Uma de suas primeiras medidas foi colocar como vice-prefeitos dois gays.
Enquanto no Reino Unido até a sua monarquia permite que haja sacerdotes homossexuais e a ultradireita tem brigadas gay, nas internas republicanas os distintos candidatos competem para ver quem é mais homofóbico e prometem vetar as leis que aceitam as uniões entre um mesmo sexo, já adotadas em alguns estados.
Enquanto Churchill e os tories criaram as bases para o sistema nacional de saúde estatal gratuito e o conservaram (de olho nas vantagens deste para os empregadores), os candidatos republicanos mais votados são os que mais se opõem às tímidas reformas do sistema de saúde de Obama.
Enquanto a corporação estatal britânica de TV (a BBC) produz os melhores documentários sobre a teoria da evolução, que são uma de suas produções mais vistas, os favoritos nas internas republicanas rechaçam Darwin e gostariam que a educação fosse criacionista (algo que inclinaria os EUA a uma forma de fundamentalismo religioso e faria com que perdesse a liderança nas ciências globais).
Conservadores (mesmo)
Os republicanos encolheram sua base militante a setores socialmente muito conservadores, os quais demandam eliminar controles sobre o uso de armas de fogo e para preservar o meio ambiente, enquanto que os tories não permitem que ninguém, nas ruas britânicas, porte nem sequer uma faca e dão muita importância às tecnologias pró-ecologia.
Outra cantilena destes setores, em moda entre os republicanos, é a de reduzir impostos para todos e os subsídios aos mais necessitados, assim como identificar-se com os falcões israelenses e conclamar o emprego de meios violentos para derrubar os regimes do Irã e da Síria. Os membros do partido de Thatcher nunca foram tão longe nesta direção.
Na Europa, a direita tende a ir se expandindo na maior parte dos países tornando-se moderada, mas os republicanos podem perder sua grande oportunidade de desbancar o impopular Obama se continuarem se afastando do centro.
(*) Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics. É um dos analistas políticos latino-americanos mais publicados do mundo. Fale com ele pelo e-mail [email protected] , pelo Twitter @brpress e/ou no Facebook. Tradução: Angélica Campos/brpress.