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Marie Le Pe: fazendo de tudo para agradar eleitores do partido gaulista Debout La France. Foto: TwitterMarie Le Pe: fazendo de tudo para agradar eleitores do partido gaulista Debout La France. Foto: Twitter

O impacto das eleições francesas no outro lado do Canal da Mancha

(Londres, brpress) - Independente do que acontecer politicamente no Reino Unido do Brexit, eleição de Macron é boa notícia para Trabalhistas porque implica em continuidade em relação ao governo francês atual. Por Isaac Bigio.

(Londres, brpress) – A França é o país mais próximo geograficamente ao Reino Unido. Um trem de Londres chega mais rápido a Paris do que à Escócia ou País de Gales. Porta de entrada britânica para o continente, sempre influenciou fortemente o que acontece ao norte do Canal da Mancha, chegando até a ocupar a Inglaterra no século XI, na chamada invasão Normanda, comandada por Guilherme II da Normandia ou O Conquistador.

Neste 07 de maio, a França volta às urnas para o segundo turno das eleições presidenciais – que promete ser uma acirrada disputa entre Emmanuel Macron, um ex-socialista que renunciou ao atual governo de François Hollande e a seu partido para seguir uma agenda mais neoliberal, como candidato independente, e a extrema direita xenófoba anti-União Europeia de Marine Le Pen, da Frente Nacional. 

Enquanto isso, a premiê britânica conservadora Theresa May se empenha em conduzir o Brexit, saída do Reino Unido da União Europeia, a partir de uma perspectiva  monetarista, Thatcherista e globalizadora – uma postura oposta ao protecionismo racista e islamofóbico do neofascismo francês.

Macron = Blair

Todos os partidos com presença no Parlamento britânico são hostis a Le Pen e propensos a apoiar Macron. O fenômeno Macron tende a favorecer inclusive a ala moderada do Partido Trabalhista (Labour). Não é por acaso que o ex-premiê britânico Tony Blair, líder do chamado New Labour (a ala mais ao centro do Partido Trabalhista) comparou as reais chances de vitória de Macron (ele tem 60% da intenção dos votos) com sua própria eleição, em 1997. 

O jogo de Blair é o seguinte: ele considera voltar para a política, ainda que não na linha de frente, de carona na ascensão política de May devido ao “caos reinante no Labour”, conforme o ex-premiê definiu em entrevista ao site France24 [http://www.france24.com/en/20170430-uk-blair-says-macron-presidency-victory-global-politics-brexit-uk-france-election], que deve levar à provável derrota do atual líder dos Trabalhistas, Jeremy Corbyn. Haveria então espaço para Blair e os defensores da chamada “Terceira Via” ganharem força novamente no Labour, culpando e isolando o radicalismo da esquerda. 

Independente do que acontecer politicamente no Reino Unido, a eleição de Macron é uma boa notícia para os Trabalhistas porque implica que haverá alguma continuidade em relação ao governo socialista francês atual. Frente ao grande descrédito de Hollande (o primeiro presidente francês que se recusa a concorrer à reeleição devido à sua baixa popularidade), políticos franceses importantes, como o ex- primeiro-ministro de Hollande, o socialista Manuel Valls, que também concorreu à presidência, declararam seu apoio a Macron no segundo turno, visando continuar com o mesmo modelo econômico e social.

Bom para Corbyn

Para os aliados de Corbyn, os resultados franceses são também uma boa notícia – bem como para toda a esquerda socialista europeia. Jean-Luc Mélenchon, atual líder da Frente de Esquerda da França, co-presidente do Partido de Esquerda e candidato na eleição presidencial de 2017, pelo movimento França Insubmissa, que ele fundou em fevereiro de 2016, quase foi para o segundo turno com Macron. E se isso tivesse acontecido, teríamos uma polarização entre dois dissidentes do Partido Socialista, um à direita e outro à esquerda – o melhor cenário possível para Corbyn.

O fato de que todos parecem construir uma nova coalizão contra Le Pen, como aconteceu 15 anos atrás, quando todas as principais forças políticas da França e os líderes ocidentais se uniram contra Jean-Marie Le Pen, o pai da candidata nacionalista Marine Le Pen, é algo que atingiu seu partido-irmão britânico UKIP,  que, embora tema alinhar-se abertamente à Frente Nacional na França, siga copiando vários de seus princípios antimuçulmanos.

Esse é justamente um dos pontos de rejeição de Le Pen pelos eleitores de direita, como os dois milhões que votaram em Nicolas Dupont-Aignan, líder do partido gaulista Debout La France (que afirma ser “o único e verdadeiro herdeiro de Charles de Gaulle”), que declarou apoio a Marine  a qual, por sua vez, anunciou que,  se vencer, irá nomear Dupont-Aignan como primeiro-ministro. Como sinal de resistência ao extremismo da Frente Nacional, os problemas já começaram no Debout La France: o vice-presidente do partido, Dominique Jamet, e o autor do programa de governo de Dupont-Aignan, Eric Anseau, se demitiram em protesto à aproximação a Le Pen.

(Isaac Bigio*/Especial para brpress)

(*) Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics. É um dos analistas políticos latino-americanos mais publicados do mundo ibero-americano. Tradução: Angélica Campos/brpress. Tradução Juliana Resende/brpress com Google Tradutor.

REPRODUÇÃO TOTAL E/OU PARCIAL DESTE CONTEÚDO SOMENTE AUTORIZADA PELA BR PRESS

 

Isaac Bigio

Isaac Bigio vive em Londres e é pós-graduado em História e Política Econômica, Ensino Político e Administração Pública na América Latina pela London School of Economics . Tradução de Angélica Campos/brpress.

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