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Sem avião

(Genebra, brpress) - Impressionante: há quatro dias não há nenhuma aeronave no céu europeu e essa ausência parece inacreditável. Por Rui Martins.

(Genebra, brpress) – Dizem que a perda é

(Ruide 200 milhões de euros por dia, quase cem mil vôos anulados, silêncio no céu, nenhum avião. Belisco-me para confirmar não estar num sonho ou num pesadelo. Mas é verdade: um vulcão na Islândia, e dos mais fracos, nível 2 em 7, está cuspindo tanta fumaça que provocou a paralização de praticamente todos os aeroportos europeus.

    Para os poloneses, cujo presidente morreu num acidente de avião, foi um azarão – todos os chefes de Estado que iriam ao entêrro tiveram de anular e a cerimonia só contou mesmo com o presidente russo. Presença importante porque significa o fim, pelo menos se espera, de uma velha inimizade.
   
    Enquanto passeava neste domingão, o silêncio chegava a ser impressionante. Como a poeira abrasiva lançada pelo vulcão conseguiu privar os europeus desse meio de transporte hoje quase vital para quem parte de férias ou a negócios? As aulas recomeçam nesta segunda-feira (19/04), depois das férias da Páscoa. Porém, muitos alunos e suas famílias estão bloqueados sem poder viajar.

    Quem tirou férias na própria Europa toma de assalto qualquer tipo de transporte disponível – trem, ônibus e mesmo navios e ferries. Em lugar do vôo rápido, sem cansaço, os europeus não têm outra solução senão a de fazer longas viagens de regresso de férias. Isso quem tem sorte de achar lugar. Outros pagam diárias de hotel e não sabem como fazer se a crise continuar.

    Dinossauros e revoluções

    Os dinossauros não voavam e nem tomavam avião, mas dizem existem duas teorias sobre sua extinção – a da existência de muitos vulcões em atividade ou da queda de um enorme meteorito no que seria a América do Norte. Nos dois casos, formou-se uma espessa fumaça, que encobriu o sol por alguns anos, a vegetação morreu e os dinossauros também por falta do que comer.

    Contam que um vulcão, de nível 5, começou a vomitar lavas e fumaça, em 1788, escurecendo o céu e provocando péssimas colheitas por falta de sol e um rigoroso inverno. Com fome e frio, os franceses partiram, no ano seguinte, para a revolução.

    A falta de aviões, talvez por mais um ou dois dias, não vai provocar rebeliões, porque não é causada por greves e nem por aumento do preço do querosene. Mas não deixa de ser um ato extremo, inconsciente por certo, da natureza. De repente, os orgulhosos humanos, de ego tão grande que se crêem capazes de mudar o clima na Terra, descobrem nada poder fazer contra um vulcão terrorista e fundamentalista.

    Provavelmente, mais um insubordinado contra Deus. Tivemos o tsunami na Ásia, o terremoto no Haiti, agora o vulcão, que não matou ninguém, mas paraliza o transporte aéreo europeu e mostra a fragilidade humana. Um só vulcão fazendo mais estragos que milhões de veículos cuspidores de gás carbônico.

    Fora de controle

    De nada adiantou tanta gente deixar de poluir, vem um danado de um vulcão e enche o céu, não só de gás carbônico, mas de poeira abrasiva, tipo lixa. Ah, a natureza! Ela é danada, ela afoga, ela sacode, ela pode entupir motor de avião. Ela age quando quer, mesmo sem ter vontade. E nós humanos, descobrimos que nosso planeta é grande, independente, fora do nosso controle.

    Deve ter gente achando ser mais um sinal do próximo fim do mundo, o calendário dos Maias não prevê fim daqui a dois anos? Para outros, Jesus deve estar voltando, vai haver ressurreição geral, julgamento melhor que os do STF com punição garantida para muitos pilantras.

    Mas não é nada disso. Dizia Arthur Clarke, o mesmo de 2001 Odisséia no Espaço, que os homens vão se decepcionar de Deus, vendo a natureza dura, má, sem código de ética, sem respeitar qualquer credo ou dogma. A Terra, uma bola jogada no espaço, de vez em quando tem dor de barriga e vomita fogo.

E nós não passamos mesmo de uns parasitas sem importância, colados na pele grossa desse planeta.

(Rui Martins/Especial para brpress)

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