Bienal: um jardim para brincar e refletir
(São Paulo, brpress) - 32a. Bienal de São Paulo parece um parque dentro do parque e tem cara de feira de ciências, onde crianças são as que mais interagem com as obras.
(São Paulo, brpress) – Jardim da infância. Assim a 32a. Bienal de São Paulo pode ser definida. E nada há de pejorativo nisso. A maior exposição de arte contemporânea da América Latina foi concebida como um grande jardim com envolvimento de professores, estudantes, artistas, ativistas, lideranças indígenas, cientistas e pensadores dentro e fora do Brasil. Mas quem parece interagir – e se divertir – com a mostra são as crianças. Há um quê de parque de diversões na montagem.
São 340 trabalhos de 81 artistas, mesclando plantas, objetos com formas orgânicas, obras e instalações coloridas (destaque para sala da jamaicana Ebony G. Patterson) e até aquelas que dá para entrar dentro e explorar cada ângulo. A Bienal é para brincar. Seja brincando com tema sério – Incerteza Viva –, seja brincando despretenciosamente, a exposição foi feita para ser habitada. Sem cerimônias, nem formalidades, sem o distanciamento diante da arte que quase todo adulto insiste em ter, são as crianças que mais aproveitam esta Bienal.
Meio ambiente
Este ano, a exposição está mais casual e descontraída que nos outros e tem na questão do meio ambiente e sua preservação a mola mestra das obras que, em sua maioria, privilegiam a experimentação. A Bienal está com cara de uma grande feira de ciências pós-moderna e pós-industrial. Diversas obras abordam diretamente a natureza e os processos biológicos, botânicos ou alquímicos: o laboratório de cogumelos criado por Nomeda e Gedeminas Urbonas; os desenhos, filmes e colagens desenvolvidos por Carolina Caycedo a partir de uma pesquisa sobre barragens e hidrelétricas, ou a instalação com projeções e experimentos fisico-químicos de Susan Jacobs.
Na selva urbana quase sempre tão hostil aos seres vivos – principalmente às plantas, aos animais e às crianças – a Bienal funciona como um parque temático, um paraíso artificial dentro de um parque que é o pulmão da megalópole (Ibiraquera e São Paulo, respectivamente). A urgência da preservação e renovação ambiental, incluindo a valorização da sustentabilidade e da sabedoria indígena – um tema caro às futuras gerações – está por toda parte nesta Bienal, com ou sem didatismo. Até o restaurante da mostra propõe uma alimentação vegana – outra tendência que vem de encontro às novas gerações.
A Bienal é um grito contínuo pela saúde do planeta, das cidades. E é nesse jardim que as crianças encontram terreno fértil para brincadeiras, enquanto os jovens – que talvez estejam visitando a exposição pela primeira vez – podem refletir sobre o mundo que querem habitar, por meio da arte e de atividades paralelas, como palestras e performances (ver programação no site do evento), enquanto admiram esculturas como as de Frans Krajcberg, feitas de troncos de coqueiros e manguezais, que articulam toda a entrada da exposição no piso térreo.
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32a. Bienal de São Paulo – Av. Pedro Álvares Cabral, s.n., Parque Ibirapuera, Portão 3 T: (11) 5576 7600
Visitação: Ter, qua, sex, dom, feriados: 9h-19h (entrada até 18h); qui, sáb: 9h-22h (entrada até 21h). Fechado às segundas. Até 11 de dezembro de 2016. Entrada franca.