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Atriz Alessandra Colassanti encarna as quatro normas da língua portuguesa na mostra Menas.flickr.comAtriz Alessandra Colassanti encarna as quatro normas da língua portuguesa na mostra Menas.flickr.com

Menas ‘assassina’ gramática

(São Paulo, brpress) - Menas: O Certo do Errado, o Errado do Certo aborda, com interatividade e irreverência, erros de português e suas causas. Gabriel Bonis conversa com Prof. Helinho a respeito.

(São Paulo, brpress) – O Museu da Língua Portuguesa inaugura nesta segunda-feira (15/03), às 19h30, para convidados, e na terça (16/03) para o público em geral, a exposição Menas:  O Certo do Errado, o Errado do Certo. O objetivo é apresentar os erros de português mais comuns, mostrar suas causas e discutir a amplitude e criatividade da língua.

    Há espaço para todo tipo de atrocidades – a começar pelo divertido título da mostra – cometidas com nossa língua portuguesa nos 450 metros quadrados disponibilizados para a exposição no museu. São sete instalações cheias de barbaridades que, em maior ou menor escala, todos cometem. Até – pasme – jornalistas. Não é à toa que o especialista em língua portuguesa e colunista da brpress, Hélio Eymard de Lima Barbosa, mais conhecido como Professor Helinho, criou uma seção exclusivamente voltada para a imprensa, em sua coluna De Olho na Língua.

Ensino ‘fossilizado’

    Para Prof. Helinho, as causas de erros linguísticos são diversas. “Em um país com um alto nível de analfabetismo como o nosso  [10%, em 2008, segundo o IBGE] e onde a leitura não é um hábito, o desconhecimento da língua padrão leva ao erro. Além disso, há também o ensino de português totalmente fossilizado para o 1º e 2º graus. Isso tudo gera descuido em relação à linguagem”, argumenta.

    Um dos motes com os quais a exposição trabalha é baseado na afirmação de que “se alguém usou uma palavra, ela existe”. Prof. Helinho acredita que esta seja somente uma frase de efeito. “É preciso entender que a língua não é para uma ou duas pessoas, atinge toda a comunidade. Então, se um pequeno grupo usa uma linguagem, é claro que esta existe para este determinado grupo. Mas não podemos perder a idéia de que a língua é um patrimônio nacional que temos”, afirma.

Gafes comuns

A primeira instalação começa na entrada do museu, onde serão exibidos 30 banners com diversas frases contendo erros ortográficos comuns no português brasileiro. Em um segundo momento, há o jogo de espelhos que sugere grande bagunça. Jogos óticos, mecanismos de movimento e outros truques que provocam uma espécie de vertigem.

Um painel de três metros de largura por 12 de altura mostra uma seleção de erros lexicais, semânticos, gramaticais e discursivos comuns. Abaixo de cada equivoco está a motivação estrutural para o fato. Além disso, há o que se considera errado hoje e correto no passado.  

De acordo com o Prof. Helinho, os erros são tão diversos e variáveis que não é fácil elencar os mais comuns. “São muitos, estou até publicando um livro chamado As Gafes Nossas de Cada Dia. Um exemplo é “comprei trezentas gramas de presunto”. Quando se trata de unidade de peso usa-se o masculino: “Comprei trezentos gramas de queijo’”, explica.  

Novas palavras

Caso um erro lingüístico se torne presente em todas as regiões do país ou passe a integrar o vocabulário de grande parte da população, a comunidade lingüística o aceita. “A palavra descarrilar vem de carril, do trem. Mas, por ignorância, começou-se a falar descarrilhar do Acre ao Rio Grande do Sul. Resultado: a palavra passou a ser correta e hoje consta no dicionário”, revela o especialista. 

        Segundo o Prof. Helinho, os erros têm um peso importante na construção da língua. “Cada pessoa tem uma tendência de desvirtuar a língua. Por isso, temos que ter pelo menos um consenso. Porque senão, em três anos, será necessário levar um tradutor quando alguém de outro estado for a Pernambuco. Podemos ter liberdades, mas é preciso preservar o português como um dos fatores de unidade nacional”, diz.

Na língua falada são admitidas algumas liberdades ou liberalidades lingüísticas, mas na escrita existem erros que transfiguram e deformam a língua. “A língua é um código que um grupo utiliza e temos apenas uma no país. Então, se houver menos erros e as pessoas se comunicarem correta e uniformemente, estaremos preservando um patrimônio inestimável”, diz o professor.

Difícil?

Para ele, o problema dos erros não é causado pelo excesso de regras. “É quase como jogos de cartas, que têm algumas normas, mas estas não impedem jogadas maravilhosas”, compara. “As normas do português não impedem as pessoas de se comunicar de maneira rica, criativa e até cometendo alguns erros na forma coloquial”, afirma.  

Pois, na mostra, nove telas de computador touchscreen ligados em rede apresentam um quiz  com 15 perguntas em cada visor. O jogo apresenta situações em que algo parece estar certo, mas não está e vice-versa. Em seguida, um comentário explica as alternativas.

No banheiro

A atriz Alessandra Colassanti encarna as quatro normas da língua portuguesa ao mesmo tempo, apresentando e discutindo-as. O encontro fictício das normas ocorre no banheiro do museu e o visitante pode observar atrás dos espelhos.  Na última sessão da mostra são apresentados índices de uma rua de comércio popular e do linguajar praticado nesses locais, convidando o público a perceber a língua de maneira mais natural e criativa.

Em tempo: “menos” é um advérbio e por isso, não tem uma “versão” no feminino, como o título da mostra sugere e como um bocado de gente fala (errado).

Visitação: de terça a domingo, das 10h às 17h. O museu não abre às segundas. Até junho.
Ingressos: R$ 6,00. Entrada franca para crianças de até 10 anos, idosos a partir dos 60 e professores da rede pública. Os demais pagam R$ 6,00 (somente em dinheiro), sendo que estudantes com carteira do ano e documento de identidade têm 50% de desconto.

(Gabriel Bonis/Especial para brpress)

Museu da Língua Portuguesa – Praça da Luz, s/nº; (11) 3326-0775

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