O lado P da pop art
(Londres, brpress) - Força política da pop art é o mote da exposição The World Goes Pop, em cartaz até 24/01/16, na Tate Modern; brasileiros têm farta presença. Por Juliana Resende.
(Londres, brpress) – A força política da pop art é o mote da exposição The World Goes Pop, em cartaz até 24/01/16, na Tate Modern, em Londres. A mostra, que joga luz à periferia do movimento artístico mais conhecido pelos retratos de celebridades e as latas de sopa de Andy Warhol, faz bonito ao reunir trabalhos emblemáticos sobre guerra, liberação sexual, violência e a cultura de massa de artistas pouco conhecidos da América Latina, Ásia, Oriente Médio e Europa.
Interessada em mais conteúdo subversivo alternativo e menos na forma acéfala do mainstream da pop arte anglo-americana acerca do consumismo, a curadoria trouxe uma seleção visceral de 160 obras, muitas expostas no Reino Unido pela primeira vez. O Brasil está farta e fortemente representado pelos brasileiros Antonio Dias, Marcello Nitsche, Teresinha Soare, Anna Maria Maiolino, Claudio Tozzi, Glauco Rodrigues, Raymundo Colares, Romanita Disconzi, Wesley Duke Lee e até Oyvind Fahlstrom, artista de origem nórdica nascido no Brasil.
The World Goes Pop conecta o visitante a um mundo que pulsa com critica e cinismo diante do capitalismo e do sonho americano. E tudo ali (re)tratado, apesar da aura ‘vintage’, parece atual: o Vietnã vira a Síria, a ditadura militar brasileira pode ser sinônimo da repressão na China. A mostra é ampla e pode ser vista em cerca de duas horas. Vale a visita a cada centímetro pois o observador não passa incólume ao poder da representação gráfica de temas pungentes nos anos 60 e 70 – e que ainda assombram o século 21.
O corpo, a guerra e a multidão
A coisificação do corpo feminino, por exemplo, é tema de um nicho inteiro de obras de artistas como a espanhola Àngela Garcia, a marroquina Nicola L (“Little TV Woman ”) e da eslovena Jana Zeliska, que nunca conseguiu que sua instalação Mahadeva, com espelhos no lugar das vaginas de suas mulheres desenhadas em larga escala, fosse exposta nas ruas. O non-sense e o sacrifício carnal da guerra têm seu ápice na escultura Bombs in Love, da astríaca Kiki Kogelnik e Atomic Kiss, da francesa Joan Rabascall.
O individualismo e a cultura à celebridade, tão familiarmente potencializados nos tempos atuais, também são alvo das cores intensas e os traços marcantes da pop art. No lugar da Marilyn e do Elvis de Warhol, a Multitude, de Claudio Tozzi, e o Red Coat, de Nicola L – wearable art que consiste de 11 suits de vinil vermelho-sangue interligados em uma única peça. A artista disse ter concebido a obra para músicos brasileiros usarem num festival e “não correrem o risco de se perder uns dos outros”. A roupa coletiva foi usada por outras pessoas em diversas outras ocasiões e performances. E o que não se perdeu foi o espírito de coisa: subverter a ordem.